Oito em cada dez brasileiras acreditam que possuem menos direitos do que os homens no ambiente de trabalho. É o que aponta um levantamento feito pelo LinkedIn com profissionais entre 25 e 55 anos do país. Entre os principais motivos citados como causadores desse sentimento estão o entendimento de que a sociedade ainda não superou a desigualdade de gênero, o aumento da carga mental causada pela responsabilidade de gerenciar a vida profissional e pessoal e a possibilidade de uma licença maternidade. Em cargo de liderança há mais de 20 anos, Katia Ortiz conta que precisou aprender a se impor.
“Você acha que é normal você ganahr menos, seus colegas serem promovidos na sua frente, uma pessoa engravidar e o gerente dela falar que agora não pode mais ter essa responsabilidade porque vai ter filho. Eu comprei muitas brigas durante a minha carreia para me dar essa voz. Não me deixa de oferecer para mudar de cidade, país, porque você acabou de casar. Ninguém tem que tomar essa decisão por mim, não sabem da minha vida.” Katia conseguiu, mas nem todas as mulheres tem essa mesma percepção. Cerca de 47% das profissionais, por exemplo, nunca pediram um aumento ou promoção — mesmo sentindo que sua performance é acima do esperado.
A executiva de Soluções de Talentos do LinkedIn e responsável pela pesquisa, Ana Cláudia Pilhal, explica que, por causa do machismo, muitas mulheres acabam reforçando seus próprios medos. “O viés inconsciente é um dos grandes bloqueadores dessa evolução. E ele é cruel, né? Porque como ele é inconsciente, a gente não atua sobre ele. E aí você se pergunta da onde vem isso? Quem foi que falou isso para a mulher?” A pesquisa também aponta que, mesmo com as dificuldades, 67% das profissionais brasileiras se consideram ambiciosas. Mais do que retorno financeiro, 80% das mulheres afirmam que buscam reconhecimento e valorização no trabalho, enquanto 71% delas querem ser um exemplo e incentivo para as outras.
*Com informações da repórter Beatriz Manfredini