Há quinze anos, a aposentada Efigênia Cerqueira convive com a depressão. No últimos tempos, os sintomas estavam controlados até o marido dela falecer em maio do ano passado por Covid-19. Desde então, Efigênia emagreceu 40 quilos. “Sensação de morte, a dor no peito, vazio, aquela angústia. tem horas que eu tenho que parar, chorar, para aliviar. Aí alivia um pouco, né?!” Assim como aconteceu com Efigênia, a pandemia impactou a saúde mental de milhares de pessoas. Um reflexo disso está no aumento do número de concessões de auxílio-doença por causa de transtornos mentais, como depressão e ansiedade. No ano passado, foram 285 mil concessões, segundo a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. O número representa uma alta de 33% na comparação com 2019, a maior alta já registrada. Já as aposentadorias por invalidez concedidas por problemas mentais tiveram alta de 25% de 2019 para o ano passado. O número passou de 242 mil para 291 mil.
O psiquiatra Luiz Dieckmann explica que, além da apreensão envolvendo a pandemia, o home office também tem um papel importante no adoecimento dos trabalhadores. “As condições de trabalho são independentes da pandemia. Se eu falo assim: por algum motivo, todo mundo vai trabalhar de casa e a gente tem situação estável lá fora. Isso vai dar uma série de repercussões. Agora soma-se a isso o estresse enorme de uma doença potencialmente fatal, altamente contagiosa, que pode matar seus entes queridos”, disse. A preocupação dos especialistas é com o surgimento de uma nova onda de doenças. Desta vez, não relacionada à Covid-19, mas às implicações que ela terá na saúde mental da população.
Fonte: Jovem Pan