Aliados de Lira apostam em recuo para evitar desgaste político causado pela PEC do voto impresso

Presidente da Câmara sinalizou que texto pode ser levado ao plenário mesmo após derrota na comissão especial

Depois da derrota sofrida pela PEC do voto impresso na comissão especial que analisava o tema, aliados do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), avaliam que a matéria não deve ser levada ao plenário. Parlamentares ouvidos pela Jovem Pan afirmam que o comandante da Casa se enfraqueceria se teimasse em pautar uma proposta que é refutada, inclusive, por partidos que integram a base de apoio do governo do presidente Jair Bolsonaro. Para um correligionário de Lira, insistir na mudança do sistema de votação do país, neste momento, implicaria em arrastar o Legislativo para o epicentro de uma crise institucional que envolve os poderes Judiciário e Legislativo. Por isso, de acordo com aliados, se o líder do Centrão tiver a certeza de que o texto não passará, ele irá recuar.

Na noite desta quinta-feira, 5, o relatório do deputado Filipe Barros (PSL-PR) foi rejeitado por 23 votos a 11. Na avaliação de deputados, a comissão é uma espécie de microcosmo da realidade, ou seja, se não houve votos favoráveis à PEC na comissão especial, a matéria deve ser rejeitada por uma margem ainda mais expressiva no plenário. No colegiado, votaram a favor da mudança do sistema de votação os partidos PSL, PP, Republicanos, PTB, PSC e Podemos. Juntos, eles somam 158 deputados. Por outro lado, PT, PL, PSD, MDB, PSDB, PSB, DEM, Solidariedade, PSOL, PCdoB, PV, Rede, PDT, Patriota e Novo rejeitaram a proposta – as legendas congregam 328 parlamentares. Por se tratar de uma emenda à Constituição, são necessários 308 votos, em dois turnos. Depois disso, a matéria seguiria para o Senado, onde seriam necessários 49 votos, também em duas votações.

“A decisão de ontem não significa que a oposição derrubou a PEC do governo. A maior parte dos 23 deputados que votaram contra apoiam as políticas do governo, são da base. Ou seja: foi formada uma posição majoritária. Há uma preocupação, no Parlamento, com a estabilidade do país. Não há nada que justifique os ataques à legitimidade do processo eleitoral”, disse à Jovem Pan o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), membro titular da comissão. “Tenho convicção de que não vai a plenário. Isso seria colocar gasolina na fogueira da crise. Conhecendo o Arthur Lira, sei que ele tem noção da dimensão do cargo que ocupa e trabalha para estabilizar a situação do país”, acrescentou.


Fonte: Jovem Pan

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