O Catar, país árabe que recebe a próxima Copa do Mundo, em 2022, contratou por anos um ex-oficial da CIA, agência de inteligência dos Estados Unidos, para espionar funcionários da FIFA, além de times rivais e oficiais do esporte. O objetivo seria obter informações que ajudassem o país a vencer a votação para ser sede da competição, o que acabou acontecendo em 2010. As informações são da Associated Press (AP), responsável pela investigação que aponta a contratação de Kevin Chalker para a função. Entre outras coisas, a reportagem menciona que, após a escolha do país como sede para a competição mundial, o ex-oficial de inteligência, e atual empreiteiro, continuou trabalhando de forma infiltrada no mundo dos esportes para acompanhas possíveis críticas feitas ao país. De acordo com a agência, que se baseou em entrevistas de ex-funcionários de Chalker, além de análise de contratos, e-mails e faturas, documentos mostram que o trabalho de espionagem também incluía trabalhadores que se passavam por fotojornalistas para acompanhar clubes rivais. Além disso, os funcionários de empresas ligadas ao ex-agente da CIA teriam acessado registros telefônicos do celular de pelo menos um funcionário do alto escalão da FIFA antes da votação de 2010.
A Associated Press informa que Chalker teria trabalhado por cinco anos na CIA na função de oficial de operações. A reportagem menciona, no entanto, contratação de um ex-oficial de inteligência norte-americano por outros governos não é novidade e demonstra uma tendência que preocupa autoridades de Washington. Segundo a AP, ao menos três ex-oficiais de inteligência e militares norte-americanos admitiram ter prestados serviços de hacking para a empresa DarkMatter, do Emirados Árabes. Uma investigação da Reuters relatou, ainda em 2019, que a instituição invadiu telefones e computadores do Emir do Catar, de seu irmão e também de funcionários da FIFA. Anteriormente, uma reportagem do Sunday Times, de Londres, também já havia relatado que ex-agentes da CIA ajudaram na candidatura do Catar em 2010, o que vai diretamente contra os interesses dos Estados Unidos, maior rival do país árabe para a escolha da Copa do Mundo de 2022.
Ainda de acordo com a agência, o governo do Catar, assim como a FIFA, não quiseram comentar sobre o assunto. A agência menciona que Kevin Chalker, que, segundo a reportagem, tinha uma conta de e-mail do governo árabe, disse em comunicado que suas empresas “nunca se envolveram em vigilância ilegal” e que os documentos analisados eram falsos. No entanto, a agência afirma que os registros passaram por etapas de verificação de autenticidade e foram fornecidos por trabalhadores que estavam incomodados com o trabalho realizada pelo ex-oficial de inteligência.
Fonte: Jovem Pan