A Anistia Internacional (AI) acusou nesta quinta-feira, 30, os países ricos e as companhias farmacêuticas de impedir “uma vacinação igualitária” contra a Covid-19, ao ignorar os apelos para que fosse facilitada a imunização de, pelo menos, 40% da população das nações de baixa e média renda em 2021. Em um comunicado, a organização de defesa dos direitos humanos lamentou que governos e empresas tenham sido omissos, diante de pedidos como, por exemplo, da Organização Mundial da Saúde (OMS), para que fossem doadas vacinas suficientes para países em desenvolvimento. “Apesar de que o mundo tenha produzido 11 bilhões de doses vacinais, apenas 7% da população das nações de baixa renda receberam a primeira dose”, afirmou Agnès Callamard, secretária-geral da AI. “Por que se nega aos aos países mais pobres o acesso a medicamentos que salvam vida, enquanto aos ricos se fornece montões de vacinas que não são utilizadas?”, questionou.
Callamard afirmou que “os países ricos e as companhias farmacêuticas fracassaram catastroficamente, ao não garantir o acesso igualitário às vacinas”. Segundo a secretária-geral da organização, a Ômicron demonstrou que “não vacinar todo o mundo, independentemente do local em que vivem, faz que toda a população [mundial] seja vulnerável às novas variantes”. “A única forma de romper esse círculo vicioso é garantindo que todas as pessoas tenham acesso às vacinas”, afirmou Callamard. A Anistia Internacional lembrou, por exemplo, que, em junho deste ano, o G7, grupo dos sete países mais ricos do planeta, prometeu enviar 1 bilhão de doses de vacinas em 2021, o que não aconteceu.
Além disso, a organização denunciou especificamente a americana Pfizer, por anunciar “de forma enganosa que sua vacina estaria disponível para qualquer paciente, país e comunidade que se interessasse por ela”, quando só forneceu para nações de renda média e alta. A AI ainda apontou que a também americana Moderna também deu prioridade nas vendas para países ricos, embora tenha recebido ajudas públicas. A organização também considera “grave” que grandes companhias tenham se negado a auxiliar as medidas que retirariam temporariamente a proteção da propriedade intelectual e dividir tecnologia vacinal com outras, para permitir um “aumento da produção global”. “Os fabricantes terminaram por causar prejuízo aos direitos humanos de bilhões de pessoas, que não têm acesso à vacina contra a covid-19 ou contribuíram para esse dano”, afirmou Callamard.
Fonte: Jovem Pan