Ataques de Israel contra a Faixa de Gaza podem constituir crimes de guerra, diz ONU

Pelo menos 63 crianças palestinas foram mortas durante os bombardeios israelenses

Os recentes ataques com mísseis feitos por Israel contra a Faixa de Gaza podem constituir crimes de guerra. A afirmação foi feita nesta quinta-feira, 27, por Michelle Bachelet, Alta Comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos. Durante uma sessão especial para discutir a recente escalada de violência na região, a ex-presidente do Chile defendeu que as ofensivas “lançam dúvidas sobre a conformidade israelense com com os princípios de distinção e proporcionalidade do direito humanitário internacional”. Ela explicou que, enquanto Israel possui “o Domo de Ferro e forças militares profissionais para defendê-los, os palestinos não têm proteção contra ataques aéreos contra uma das áreas mais densamente povoadas do mundo”. “Não têm para onde fugir por causa do bloqueio terrestre, marítimo e aéreo que tem estado em vigor nos últimos 14 anos”, completou.

A Alta Comissária lembrou ainda que, além dos 242 palestinos mortos e mais de 74 mil deslocados, os ataques resultaram na destruição em larga escala de instalações civis, incluindo casas, escritórios de organizações humanitárias, centros médicos e meios de comunicação. “Apesar da afirmação de Israel de que muitos destes edifícios abrigavam grupos armados ou eram utilizados para fins militares, não vimos qualquer prova nesse sentido”, frisou Bachelet. Em referência ao movimento islâmico palestino Hamas, a ex-presidente reconheceu que “é também uma violação do direito internacional colocar meios militares em áreas civis densamente povoadas, ou atacar a partir delas”. Porém, indicou que “as ações de uma das partes não isentam a outra das suas obrigações”.

Na mesma reunião da Comissão da ONU para os Direitos Humanos, o relator sobre o território da Palestina, Michael Lynk, acrescentou que a população da Faixa de Gaza vive “em uma situação desesperada”, “insustentável e inviável”, que se assemelha a uma forma de “punição coletiva”. Ele denunciou também as expulsões de famílias palestinas em Jerusalém Oriental, um dos desencadeadores do recente conflito, como parte do plano de Israel para aumentar os assentamentos ilegais, a fim de estabelecer uma reivindicação ilegal de soberania, apesar dos repetidos apelos da entidade para pôr fim a esta prática. À luz da situação atual, Lynk reiterou seu pedido, emitido recentemente junto com outros funcionários de direitos humanos da ONU, de que os recentes incidentes em Gaza e na Cisjordânia fossem investigados pelo Tribunal Penal Internacional. Por fim, Bachelet elogiou o cessar-fogo alcançado entre palestinos e israelenses em 21 de maio, mas salientou que, “enquanto os problemas de raiz dessa violência não forem resolvidos, será apenas uma questão de tempo até que uma nova onda de combates comece”. “Tem de haver um processo de paz genuíno e inclusivo que aborde estes problemas de raiz e ponha fim à ocupação”, concluiu.


Fonte: Jovem Pan

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