‘Bolsonaro está desrespeitando o país e brincando de governar’, diz Kajuru

'É hora de parar esse cara', disse Kajuru à Jovem Pan

Um dos signatários do requerimento de abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) falou à Jovem Pan nesta terça-feira, 2, sobre o agravamento da pandemia de coronavírus no Brasil. Kajuru criticou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que afirmou que instalação da comissão seria “contraproducente”, e afirmou que o presidente Jair Bolsonaro está “desrespeitando o país” e “brincando de governar” no momento em que cerca de 20 Estados enfrentam o colapso de suas redes hospitalares.

“O presidente Jair Bolsonaro está desrespeitando um país. O que mais me preocupa e me irrita é ver o presidente brincar de governar em um momento desses. Ele entra nas cidades sem máscara, cumprimenta todos, promove aglomerações perigosíssimas, como se fosse um Deus. Ele também desrespeita governadores e prefeitos. Veja, ele 19 governadores contrários a ele. Isso não é bom para ele nem do ponto de vista político. Alguém tem que dizer isso a ele. Um presidente não pode não ter alguém que chegue a ele e diga a verdade. Alguém que ele ouça e respeite. Falta ao presidente esta grandeza e isso é muito preocupante”, disse à Jovem Pan.

O requerimento de abertura da CPI foi apresentada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) no dia 4 de fevereiro. A petição é assinada por 31 senadores e aguarda uma avaliação do presidente do Senado. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Pacheco disse que a instalação da comissão seria “contraproducente”, pois as comissões temáticas estão paradas em função do trabalho remoto no Senado. “É evidente que foi o presidente Bolsonaro quem convenceu Pacheco, seu officeboy de luxo, a não levar para frente a CPI da Covid. Eu já sabia que ele não levaria isso adiante. A CPI não foi aceita porque o presidente não quer. O presidente do Senado já declarou que não instalar a comissão não significa proteger o presidente. Então, diga quem está protegendo. Não aceitar uma CPI necessária como essa só pode ser explicado pelo medo que se tem do Brasil descobrir algo que não querem que seja descoberto. Fico chateado porque eu queria e esperava mais do Pacheco. Mas, por tudo o que descobrir sobre o seu comportamento, eu sabia que, ao trocar Davi Alcolumbre por ele, estaríamos trocando seis por meia-dúzia”, afirmou Kajuru.

Na sexta-feira, 26, Bolsonaro cumpriu agenda no Ceará e causou aglomeração de pessoas no evento de anúncio da retomada de uma obra viária em Tianguá, município do estado. No grupo de WhatsApp dos senadores, o tucano Tasso Jereissati afirmou, no sábado, 27, que os parlamentares não poderiam “ficar omissos diante dessas irresponsabilidades que colocam em risco a vida de todos brasileiros”. Dois dias depois, afirmou em entrevista que era preciso “parar esse cara”, se referindo ao presidente da República. Questionado sobre a responsabilidade de Bolsonaro em relação ao desrespeito dos protocolos sanitários, Kajuru foi taxativo: “Isso se deve exclusivamente às atitudes dele, às posturas, aos comportamentos em municípios, nas capitais, às suas falas, às entrevistas desnecessárias e infelizes. Com seis meses eu já dizia isso: Bolsonaro aciona a boca e não liga o cérebro. Até hoje sigo acreditando que ele tem cérebro”.


Fonte: Jovem Pan

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