Pesquisadores estão otimistas com o avanço do desenvolvimento das vacinas brasileiras contra a Covid-19, que busca baratear os custos e acelerar a imunização no Brasil. Na semana passada, a ButanVac, do Instituto Butantan, recebeu aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o início dos testes clínicos em humanos. Já a Versamune, desenvolvida pela Farmacore e pela USP de Ribeirão Preto, finalizou os estudos em animais e também aguarda a aprovação da agência reguladora para a próxima etapa do estudo. Segundo a presidente da startup, Helena Faccioli, os resultados dos testes pré-clínicos são promissores. “É uma vacina que não tem nada de toxicidade, não tem efeito colateral. Os testes em animal com as doses alta, muito maiores do que as aplicadas em humanos, não tiveram nenhuma reação. Ela tem uma grande capacidade de ativação de células T. A principal características da nossa vacina é ativar a célula T, que vai fazer o seu sistema imunológico responder contra a infecção viral. E isso é muito importante com as variantes, porque vai ensinar o organismo a combater as variantes do coronavírus.”
Em pesquisa na Universidade Federal do Paraná, outra vacina deve encerrar a fase de testes com animais até o final do ano. Com tecnologia de produção 100% local, o imunizante tem características multifuncionais e pode ser recombinado para servir como imunizante para outras doenças, como dengue, zika vírus, leishmaniose e chikungunya. Segundo o professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Emanuel Maltempi de Souza, a expectativa é que a vacina possa ser disponibilizada para a população no início de 2023. “O nosso alvo não é o retorno ao que chamamos de normalidade, mas a manutenção da normalidade. Temos duas grandes incertezas, a primeira é o quanto vai demorar a nossa janela imunológica. Talvez a gente não precise imunizar todo ano, talvez precise imunizar a cada dois anos, isso significa que vamos precisar ter vacinas disponíveis.”
O gerente-geral de medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes, reforça que os critérios para aprovação dos imunizantes são rigorosos. “O primeiro é como esse estudo vai ser feito, o que a gente chama de desenho ou delineamento. O desenho de um estudo é quantas pessoas vão participar, como vai ser monitorado os voluntários. Segundo aspecto que avaliamos é a segurança e o terceiro a gente verifica como foi desenvolvida essa vacina, como ela foi produzida, em que condições, qual foi o racional para chegar a essa vacina. E o último é o que chamamos de boas práticas clínicas”, explicou. Gustavo Mendes ressalta que mais vacinas estão sendo desenvolvidas por outras instituições de ensino e por empresas privadas, contribuindo para o avanço científico e maior autonomia do país nessa área, já que são grandes as chances de serem necessárias novas campanhas de imunização contra a Covid-19 nos próximos anos. Atualmente, todas as vacinas aplicadas no Brasil ainda dependem de insumos estrangeiros.
Fonte: Jovem Pan