Campanha contra a Covid-19, cloroquina e críticas a Paulo Guedes: o depoimento de Mandetta na CPI

Mandetta foi demitido em abril de 2020, após embate com presidente Bolsonaro sobre isolamento social e uso de medicamentos do 'Kit Covid'

Por mais de sete horas, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta foi o primeiro a prestar depoimento na CPI da Covid-19, instalada para apurar ações e omissões do governo do presidente Jair Bolsonaro no combate à pandemia do novo coronavírus. Aos senadores, Mandetta disse que o Palácio do Planalto não queria fazer uma campanha oficial contra a doença, afirmou que não partiu da pasta então comandada por ele a ordem para que o Exército produzisse compromidos de cloroquina, medicamento ineficaz no tratamento à infecção, e ainda fez críticas ao ministro da Economia, Paulo Guedes, a quem chamou de “desonesto intelectualmente” e “muito pequeno para estar onde está”. Nesta quarta-feira, 5, o colegiado ouvirá o ex-ministro Nelson Teich, que deixou o Ministério da Saúde menos de um mês após tomar posse.

Mandetta afirmou que as coletivas de imprensa diárias, concedidas por ele e sua equipe, foram idealizadas para que o Ministério da Saúde pudesse transmitir informações e orientações sobre o coronavírus, já que não havia um plano de comunicação do governo. “Aquelas entrevistas, elas só existiam porque não havia plano de comunicação. O normal, quando se tem uma doença infecciosa, é você ter uma campanha institucional. Como foi, por exemplo, a Aids. Havia uma campanha onde se falava sobre a Aids, como pega, orientava as pessoas a usar preservativo. Era difícil para a sociedade brasileira fazer, mas havia uma campanha oficial. Não queriam fazer uma campanha oficial [contra a Covid-19]”, disse o ex-ministro.

Na primeira parte de seu depoimento, Mandetta foi questionado pelo relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), sobre a ordem para que o Laboratório Central do Exército produzisse comprimidos de cloroquina, remédio ineficaz no tratamento à Covid-19. Segundo o ex-ministro, não houve nenhuma recomendação do Ministério da Saúde. “A ordem não partiu do Ministério da Saúde. A única coisa que o ministério fez era recomendar para o uso compassivo, aos pacientes graves, em uso hospitalar. Mesmo porque é uma droga em que a margem de segurança dela é estreita. Ela tem uma série de reações adversas. A automedicação com cloroquina e outros medicamentos poderia ser muito arriscada para as pessoas”, explicou.


Fonte: Jovem Pan

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