Geladeira vazia. Essa é a realidade de muitos brasileiros atualmente. Fagna Santos, de 28 anos, mora em um cômodo pequeno com os três filhos em Heliópolis, a maior comunidade de São Paulo, localizada na Zona Sul da capital paulista. Antes da pandemia, ela fazia e vendia peças de crochê, que lhe rendiam pouco menos de um salário mínimo por mês. Agora, ela consegue tirar no máximo R$ 150 com o trabalho. O dinheiro nem sempre dá para alimentar toda a família. “Você tem que escolher, ou escolhe uma coisa ou outra. A renda pouca, você não tem condições de chegar no mercado e comprar o que você tem que comprar. Ou você compra o leite dos meninos ou o feijão. Então é melhor comprar o leite dos nenéns e a fralda que tem que ter.”
O caso da Fagna, infelizmente, não é o único. Segundo uma pesquisa da Locomotiva com a Central Única das Favelas, sete em cada 10 pessoas que moram nas comunidades não têm dinheiro para comprar comida. A grande maioria depende de doações para sobreviver e tudo isso por causa de uma junção de fatores. O aumento no número de casos da Covid-19, o recrudescimento das medidas restritivas, o desemprego, o fim do auxílio emergencial e a alta na inflação da cesta básica. A Maria Madalena da Conceição é mãe de três filhas e está desempregada desde março do ano passado. Ela trabalhava como empregada doméstica, mas foi demitida no início da pandemia. Na época, o marido dela também estava sem trabalhar e só conseguiu um emprego neste ano. Agora, com o dinheiro que ele ganha, a família tem que quitar as dívidas que foram adquiridas ao longo dos últimos meses. “Ai paga as dívidas, fica sem dinheiro. Ficamos sem dinheiro mesmo, porque ou paga as dívidas ou compra comida. Uma coisa ou outra.”
Reginaldo Gonçalves é líder comunitário e integra a UNAS, uma entidade sem fins lucrativos que atua em Heliópolis há mais de 40 anos. Ele conta que é perceptível a deterioração da situação financeira das famílias do ano passado para cá. “As famílias que tinham um pouquinho de renda, perderam renda, perderam trabalho, o auxílio emergencial parou e quem tinha reserva em casa também já gastou tudo. A crise aumentou, né?!” No ano passado, a UNAS entregou mais de 40 mil cestas básicas para as famílias vulneráveis. No entanto, as doações diminuíram drasticamente. Para ajudar essas famílias, a Jovem Pan e o Instituto Brasil 200 lançaram uma campanha contra a fome. A meta da Jovem Pan dobrou e foi para R$ 1 milhão, que serão revertidos em doações de cestas básicas, sendo que cada uma custa R$ 50. A compra dos primeiros mantimentos já foi realizada e eles serão entregues nesta sexta-feira, 9. A esperança é que a solidariedade seja maior do que o atual número de casos de coronavírus, para ajudar todos aqueles que precisam. Para doar, clique aqui.
Fonte: Jovem Pan