A Organização Mundial da Saúde anunciou, na última terça-feira, 2, que o câncer de mama superou o de pulmão e se tornou a forma mais comum da doença no mundo. No Brasil, de acordo com o Inca, a doença que atinge os seios de homens e mulheres tem cerca de 66 mil novos diagnósticos por ano. Segundo a OMS, um dos fatores que ajuda a explicar o alto índice é o aumento da obesidade nas últimas décadas. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 mostram que 61,7% da população adulta brasileira tem excesso de peso. O número assusta ainda mais quando vemos que, entre 2002 e 2003, esse percentual era de 43,3%. A PNS também afirma que 630 mil pessoas diagnosticadas com algum tipo de câncer podem ter sua doença associada ao sobrepeso e à obesidade. O sexo mais afetado é o feminino, que representa 55% de todos os casos. Mas os homens também precisam se cuidar: o excesso de peso é responsável por 24% dos diagnósticos do câncer entre eles. De acordo com a endocrinologista pela FMUSP, Lorena Lima Amato, a obesidade é fator de risco para pelo menos 13 tipos de câncer: adenocarcinoma do esôfago, estômago, cólon, reto, fígado, vesícula biliar, pâncreas, colo de útero, ovário, rim, tireoide, câncer de mama pós-menopausa e mieloma múltiplo.
“O excesso de gordura corporal provoca um estado de inflamação crônica e aumentos nos níveis de alguns hormônios, que promovem o crescimento de células cancerígenas, aumentando as chances de desenvolvimento da doença”, explica Lorena Lima Amato. Para a especialista, a prevenção é a melhor estratégia para evitar esse agravante. Entre as opções, estão o estímulo à população para que tenham hábitos de vida mais saudáveis, o combate ao sedentarismo e o estímulo à uma boa alimentação. “Além disso, tratar adequadamente e com respeito os pacientes que já são obesos”, completa a endocrinologista. É importante ressaltar que a obesidade, por si só, já é um doença — e não significa desleixo do paciente, apesar de muitos boatos e fake news. “A obesidade é uma doença que tem como origem, além de fatores ambientais, a predisposição genética, assim como muitas outras doenças. E existem também doenças orgânicas e psíquicas que podem desencadear obesidade”, explica. A OMS alerta que, quanto mais a população cresce e a expectativa de vida aumenta, as doenças se tornam mais comuns. As expectativas são de que, em 2040, 30 milhões novos casos de câncer sejam identificados por ano no mundo. Hoje esse número é de 19,3 milhões.
Fonte: Jovem Pan