No domingo, 15, algumas das principais economias da Ásia e do Pacífico firmaram o maior pacto comercial do mundo. O bloco regional, que está sendo chamado de Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês), corresponde a cerca de 30% do PIB e da população mundial, superando a União Europeia em termos de importância econômica. O tratado, oficializado durante uma videoconferência devido à pandemia de coronavírus, inclui não só os asiáticos Brunei, Camboja, China, Coréia do Sul, Filipinas, Indonésia, Japão, Laos, Malásia, Singapura, Myanmar, Tailândia e Vietnã, como também a Austrália e a Nova Zelândia. Segundo o vice coordenador do curso de Relações Internacionais da FGV, Pedro Brites, o RCEP representa uma importante conquista para o governo chinês, que vem trabalhando nesse acordo desde 2012 como uma “estratégia de consolidar uma articulação regional sobre a sua liderança”.
O especialista em relações internacionais da Ásia e economia política internacional defende que a crise do coronavírus serviu para impulsionar os países a assinaram o RCEP, que vinha sendo negociado há cerca de oito anos. Espera-se que, com o novo acordo, os membros tenham um ganho de 0,2% em seus PIBs, um cenário importante na recuperação econômica pós-pandemia. O Japão e a Coréia do Sul, que estão entre as maiores potências presentes do tratado, também percebem no multilateralismo uma forma de crescer através do ganho de mercados próximos. Com vinte capítulos, o RCEP cobre comércio de bens, investimentos, e-commerce, propriedade intelectual e compras governamentais, eliminando tarifas sobre 91% das mercadorias comercializadas entre os seus países-membro.
Brites aponta que o RCEP também envia um importante recado para o Brasil, que terá que reformular a sua política externa e rever suas estratégias comerciais para se tornar competitivo diante do novo cenário. “É claro que há uma limitação geográfica, mas o Brasil abandonou a Ásia como uma de suas prioridades. Temos uma relação com a China no setor agropecuário e de mineração, mas não há procura por parcerias sólidas com outros países asiáticos”, afirma. Para o vice coordenador do curso de Relações Internacionais da FGV, o Brasil deveria aprender com esses outros países, que estão apostando no multilateralismo, e não no isolacionismo, como forma de se recuperar do impacto econômico causado pela pandemia de coronavírus.
Fonte: Jovem Pan