A campanha eleitoral ainda está longe de seu início, mas as primeiras semanas de 2022 têm sido marcadas por uma série de movimentações de postulantes a cargos eletivos. Em um período em que boa parte das tratativas ocorrem nos bastidores, o presidente Jair Bolsonaro e o seu entorno têm se envolvido direta e publicamente na construção de candidaturas em São Paulo, maior colégio eleitoral do país. O caso paulista é simbólico, porque evidencia um racha na base de apoio ao mandatário do país, que trabalha para eleger o maior número de parlamentares aliados, sobretudo no Congresso Nacional, a fim de conquistar sustentação política para um eventual segundo mandato a partir de janeiro de 2023.
Em entrevista à Jovem Pan, na quarta-feira, 19, Bolsonaro disse que convidou a ministra Damares Alves para concorrer ao Senado por São Paulo. “Posso adiantar uma possível senadora para São Paulo. Ministra Damares. Possível candidata ao Senado, não está batido o martelo, não. O convite foi feito, o Tarcísio gostou dessa possibilidade. Conversei com a Damares e ela ainda não se decidiu”, afirmou. Enquanto não há definição sobre o candidato que receberá a benção do presidente da República, o eleitor bolsonarista se depara com uma profusão de postulações à disposição. Antes de Damares, pelo menos dois outros nomes já haviam sido aventados por aliados do Palácio do Planalto, casos do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e do ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) Paulo Skaf.
Fora do núcleo duro bolsonarista, o jornalista e apresentador José Luiz Datena e a deputada estadual Janaina Paschoal, mais votada da história do país, se apresentam como pré-candidatos ao Senado por São Paulo. A advogada, que deixará o PSL e busca um partido para viabilizar a sua candidatura, se declara independente em relação ao governo e questiona a estratégia eleitoral adotada por Bolsonaro. Em uma postagem no Twitter, feita um dia após o presidente da República apontar o nome de Damares, a parlamentar ironizou: “Com a habilidade que Bolsonaro tem para (re)unir a direita, em 23 teremos um Senado vermelho para dar sustentação a Lula”. Procurada pela Jovem Pan, Janaina disse que não se sente desprestigiada por não ter recebido, até o momento, o apoio do Palácio do Planalto e ressalta que não espera o aval ou o apoio “de quem quer que seja”. “Não me sinto desprestigiada. A democracia pressupõe a liberdade de votar e ser votado. Só não me parece inteligente, na medida em que a esquerda, corretamente, vem buscando a união. Eu anunciei a minha pré-candidatura sem consultar ninguém. E não estou esperando aval ou apoio de quem quer que seja. Se encontrar um partido, vou me candidatar ao Senado, por entender que eu sou a melhor opção, em São Paulo, para o cargo. Se vou ganhar, ou perder, somente Deus e o povo dirão”, disse à reportagem.
Fonte: Jovem Pan