A possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputar as eleições de 2022 já movimenta os bastidores dos partidos. Siglas aliadas e de oposição ao petista traçam estratégias para futuras alianças, mesmo sabendo que a situação jurídica do petista ainda pode mudar. O deputado federal Carlos Zarattini (PT) acredita que o aval do supremo à candidatura de Lula muda o equilíbrio de forças na política. “Ela coloca no campo um peso pesado, né Alguém que tem um reconhecimento popular enorme e que entra em campo já praticamente indo para o primeiro lugar, segunda lugar. Tem pesquisa que dá o Lula em primeiro lugar. Isso cria uma nova situação política no país, fortalece muito a oposição e, ao mesmo tempo, permite que a oposição se unifique mais rapidamente.”
Aliado histórico do petista, o PSB quer esperar a definição da situação pelo STF antes de tomar qualquer decisão. O deputado federal Bibo Nunes (PSL) reconhece a força do petista em parte do eleitorado, mas aposta na reeleição do presidente Jair Bolsonaro. “Acredito que seja bem difícil de impedir o Lula de ser candidato. Não tenho nada contra, problema algum quanto ao Lula ser candidato. Só que quero tudo dentro da lei. E o que aconteceu é algo que deixa a credibilidade do STF mais maculada ainda.”
A oposição ao PT e a Bolsonaro também se movimenta. O PSDB decidiu antecipar para outubro as prévias que vão definir o candidato à Presidência em 2022. O governador de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, são os dois nomes tucanos colocados hoje na disputa. Aliado e secretário de governo de Doria, o presidente do PSDB de São Paulo, Marco Vinholi, defende que essa é uma oportunidade para candidaturas de centro. “Essa polarização só é benéfica para os dois campos, portanto nós vamos seguir construindo um centro democrático e de equilíbrio, que dialoga com a sociedade, que trabalha por um Brasil desenvolvido.”
Para o cientista político Valdir Pucci, a simples chance de Lula concorrer reacende o clima de polarização visto em 2018. “Eu teria uma fragmentação de centro político e uma dificuldade nos números e das ações de hoje do centro se modernizar politicamente para as eleições. Ele precisa apresentar um nome que possa rivalizar com as duas polaridades que acaba, de uma certa maneira, dividindo o eleitorado brasileiro.” A Procuradoria-geral da República ainda prepara um recurso contra a decisão do ministro Edson Fachin que anulou as condenações de Lula na Lava Jato. Não há data para o julgamento.
*Com informações da repórter Caterina Achutti