O professor de Relações Internacionais da ESPM Gunther Rudzit concedeu uma entrevista ao vivo para o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, nesta quinta-feira, 27, para falar sobre a tensão geopolítica existente entre Rússia e Ucrânia, com fortes comunicados e ameaças dos Estados Unidos. Segundo o pesquisador, um conflito armado entre Rússia e EUA é improvável neste momento, já que a Otan, liderada pelos americanos, não estaria disposta a entrar em um embate tão destrutivo somente por causa da situação da Ucrânia neste momento. Nesse sentido, os Estados Unidos vêm atuando diplomaticamente para tentar influenciar as negociações.
“Um conflito armado entre Rússia e Otan, eu acho muito difícil. A gente não pode dizer impossível porque num momento de tensão como essa algo pode fugir do controle e pode acontecer, infelizmente. Mas esse é um cenário que não interessa a nenhum dos três lados, Rússia, Otan – liderada pelos Estados Unidos – e a própria Ucrânia. Agora, uma situação de guerra civil que a Ucrânia está vivendo, e isso é o que muita gente esquece, desde 2014 várias províncias do leste estão rebeladas e apoiadas pela Rússia. Então, essa região ter um incremento nesse conflito nessa região, declararem a independência e fazerem um plebiscito, como aconteceu na Criméia em 2014, e a Rússia reconhecer e, aí, enviar tropas para essa região, isso eu não descarto”, afirmou Gunther.
Ainda assim, os Estados Unidos e a Otan têm feito duras ameaças diplomáticas, relacionadas a sanções comerciais, À Rússia, para que ela não envie tropas à Ucrânia. “Uma guerra contra a Rússia significa uma guerra termonuclear, significa perder seu país, a gente deixar de existir como civilização como nós conhecemos hoje, porque os dois lados, Estados Unidos e Rússia, têm armamento nuclear capaz de destruir o planeta Terra 16 vezes. Por isso que uma guerra entre esses dois, eu não vejo como plausível por causa da Ucrânia. A Ucrânia é um embate, mas que a Otan e os Estados Unidos não estariam dispostos a ir ao limite de uma guerra por causa dela. Por isso mesmo, esse jogo, para tentar jogar a responsabilidade, principalmente da opinião pública internacional, diplomaticamente, nãos mãos ou nas costas de Vladmir Putin”, pontutou.
Para o professor, não apenas o presidente russo, mas o cidadão comum do país, nunca aceitou a independência da Ucrânia, tornando o conflito atual mais complexo. “Desde o início da fundação do primeiro império russo, Kiev foi a primeira capital. Então, historicamente, a Ucrânia esteve sempre ligada à Rússia. E com a independência dela, em 1991, eles nunca aceitaram esse processo, principalmente quando ela se aproximou da União Europeia e quis entrar na Otan. Na cultura russa, a Otan, esse inimigo ocidental, ter tropas na sua fronteira é algo que eles não querem admitir e que vem da Segunda Guerra Mundial, com a invasão da Alemanha Nazista à União Soviética. Na Ucrânia, esse é o ponto. Agora o que Vladmir Putin também quer é o enfraquecimento da Otan e, justamente, a posição da Alemanha em estar tão reticente à possibilidade de ir à guerra tem favorecido Putin. Ou seja, um racha na aliança que levaria a um afastamento entre europeus e americanos, e ele poder retomar a influência no leste europeu, daqueles países que eram parte da União Soviética e do bloco soviético”, explicou.
Fonte: Jovem Pan