Conflito pós-Brexit gera 6 dias de protestos violentos na Irlanda do Norte

A imprensa local indica o envolvimento de gangues durante os protestos em diversas cidades da Irlanda do Norte

A Irlanda do Norte vivenciou o seu sexto dia consecutivo de protestos violentos nesta quarta-feira, 7, com carros sendo incendiados e manifestantes jogando explosivos contra a polícia. Pelo menos 41 agentes ficaram feridos durante os confrontos. A onda de manifestações está relacionadas ao Brexit: enquanto a República da Irlanda continua fazendo parte da União Europeia, a Irlanda do Norte saiu do bloco junto com o restante do Reino Unido. O problema é que enquanto a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales ficam em uma mesma ilha, a Irlanda do Norte está em uma outra ilha vizinha, que divide com a República da Irlanda. Inicialmente, o primeiro-ministro Boris Johnson prometeu que não haveria controle alfandegário nas fronteiras marítimas entre a Irlanda do Norte e o restante do Reino Unido, mas isso não está realmente acontecendo. O resultado é que os sindicalistas protestantes, tradicionalmente fiéis ao governo britânico, estão se sentindo traídos por terem o comércio prejudicado. Já os nacionalistas católicos, que preferem que a Irlanda do Norte se separe do Reino Unido e retorne ao bloco econômico, estão tendo os seus argumentos reforçados. Através do seu perfil no Twitter, o primeiro-ministro disse estar preocupado com as cenas de violência. “O caminho para resolver diferenças é através do diálogo, não violência ou criminalidade”, completou Johnson.

A agitação começou no dia 29 de março em Londonderry, que é majoritariamente favorável a manutenção da Irlanda do Norte como parte do Reino Unido. Desde então, houve manifestações nas cidades de Carrickfergus, Ballymena e Newtownabbey, mas especialmente na capital Belfast, que reúne tanto sindicalistas protestantes quanto nacionalistas católicos. A emissora de televisão britânica BBC acrescenta que existem indicações do envolvimento de gangues criminosas e que os protestos também podem estar relacionados com o descontentamento com o governo em relação ao funeral de um ex-chefe de inteligência do IRA, Bobby Storey, em junho do ano passado. O evento atraiu duas mil pessoas e violou os regulamentos para evitar a propagação da Covid-19, contando inclusive com a presença da vice-primeira-ministra Michelle O’Neill.


Fonte: Jovem Pan

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