‘Contra a máquina do Planalto, PSL cria sua identidade nesse momento’, diz vice-presidente do partido

PSL não elegeu nenhum prefeito, mas aumentou o número de vereadores em relação ao pleito de 2016

Em 2018, a onda que pregava contra a política atual e o petismo elegeu o presidente Jair Bolsonaro e deu ao Partido Social Liberal (PSL) a segunda maior bancada da Câmara dos Deputados. A quantidade de parlamentares eleitos deu à sigla a segunda maior parcela do fundo eleitoral, com pouco mais de R$ 199 milhões em recursos disponíveis a serem injetados nas candidaturas municipais, e criou a expectativa de uma expansão ainda maior de uma legenda que se coloca como “direita raiz” e defende pautas como a Operação Lava Jato e o fim do fisiologismo político, por exemplo. Dois anos depois, passado o primeiro turno das eleições municipais, embora tenha crescido o número de vereadores eleitos em relação ao pleito de 2016, o PSL não elegeu nenhum prefeito até o momento nas 100 cidades mais populosas do país e está no segundo turno apenas em dois locais: Sorocaba e Praia Grande – considerando todos os municípios do Brasil, o partido irá comandar 91 prefeituras.

Mais do que isso, obteve desempenhos irrisórios em duas das principais cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro. Para o vice-presidente nacional da sigla e presidente do PSL em São Paulo, deputado federal Junior Bozzella, estar no segundo turno em duas das 100 cidades mais populosas do país já é uma vitória. “Se você fizer um comparativo com 2016 [quando o partido não foi ao segundo turno em nenhuma cidade deste tamanho], com 2018, considerar a cisão com o bolsonarismo, o partido se agiganta nesse momento. Ele não está no guarda-chuva de ninguém, não está a reboque de ninguém. Contra tudo e contra todos, contra a máquina do Palácio do Planalto, o PSL cria sua identidade, defende suas bandeiras e alcança essa marca no momento em que os cavalos de Troia tentam difamar, destruir e fazem campanha contra”, disse à Jovem Pan.

A cisão com o bolsonarismo citada por Bozzella remonta a outubro do ano passado, quando Bolsonaro pediu a um apoiador, na porta do Palácio da Alvorada, que esquecesse o PSL porque o presidente nacional do partido, Luciano Bivar, estava “queimado para caramba”. A declaração foi o estopim para uma crise interna que resultou na criação de duas alas distintas dentro da legenda, a de bolsonaristas e bivaristas, troca de acusações entre parlamentares e a saída de Bolsonaro do partido pelo qual foi eleito em 2018. A tropa de choque do Palácio do Planalto no Congresso passou, então, a se empenhar na criação do Aliança Pelo Brasil, mas a iniciativa, até o momento, sequer saiu do papel. O “fogo amigo” ao qual Bozzella se refere pode ser explicado pelo fato de os aliados do governo federal terem apoiado candidatos de outros partidos nas eleições para prefeito em detrimento dos colegas de bancada, casos como São Paulo, onde Joice Hasselmann (PSL) foi preterida por Celso Russomanno (Republicanos), e Rio de Janeiro, cidade na qual Luiz Lima (PSL) foi ofuscado por Marcelo Crivella (Republicanos).


Fonte: Jovem Pan

Comentários