Os organizadores da Copa do Mundo de 2022, que será realizada no Catar entre novembro e dezembro deste ano, avisou nesta sexta-feira, 1º, que irá barrar nas arquibancadas a apresentação de bandeiras de arco-íris, que representam o movimento dos direitos LGBTQIA+. Segundo dos dirigentes do comitê organizador, a medida visa “proteger os torcedores”, já que o país sede tem leis que criminalizam a homossexualidade – apesar disso, casais do mesmo sexo poderão acompanhar o torneio da Fifa. “Se um torcedor levantar uma bandeira de arco-íris e eu tirá-la de sua mão, não seria porque eu quero ou porque estou insultando ele. Será para protegê-lo”, disse Al Ansari, um dos principais responsáveis pela segurança da Copa do Mundo, em entrevista à AP. “Porque se eu não fizer isso, alguém poderá atacá-lo… Não posso garantir o bom comportamento de todos. E vou dizer ao torcedor: ‘Por favor, não é necessário levantar a bandeira neste local'”.
O dirigente também disse que “atos político” não serão permitidos nos estádios da Copa. “Percebemos que este torcedor comprou o ingresso para vir aqui assistir ao jogo, não para fazer uma demonstração ou um ato político ou qualquer coisa que esteja em sua mente”, declarou. “Assista ao jogo. Isso é legal. Mas não venha aqui insultar toda a nossa sociedade por isso”. As declarações de Al Ansari, desta forma, contrastam com as palavras recentes do presidente da Fifa. Nesta semana, Gianni Infantino afirmou que “todos vão perceber que todos serão muito bem-vindos aqui no Catar, mesmo nos casos de LGBTQ”. Al Ansari reiterou que não está rejeitando integrantes desta comunidade ou anunciando que não serão bem-vindos. “Reservem o quarto juntos, durmam juntos… Isso não é da nossa conta. Estamos aqui para gerenciar o torneio. Não vamos além das coisas pessoais individuais que podem estar acontecendo entre essas pessoas… Essa é a ideia. Aqui não podemos mudar as leis. Você não pode mudar a religião durante os 28 dias da Copa do Mundo.”
A forma como torcedores homossexuais serão tratados no Catar é alvo de preocupação por parte de entidades ligadas ao futebol e ao movimento nos últimos meses. A rede FARE, que monitora eventuais casos de discriminação nos jogos, pediu que todos os torcedores sejam respeitados durante a disputa do Mundial. Nesta sexta-feira, a rede rebateu as declarações de Al Ansari. “A ideia de que a bandeira, que é reconhecida universalmente como símbolo da diversidade e igualdade, será retirada das pessoas para protegê-las não será considerada aceitável. E será encarada apenas como um pretexto (para o preconceito)”, afirmou Piara Powar, diretor executivo da FARE. “Já estive no Catar por diversas vezes e não espero que a torcida local ou a população catariana ataquem alguém apenas por causa da bandeira do arco-íris. O maior perigo vem das ações do Estado”, destacou Powar.
*Com informações do Estadão Conteúdo