Depois de uma semana sem depoimentos, a CPI da Covid-19 retoma os trabalhos com o intuito de esclarecer a atuação de lobistas e empresários envolvidos, sobretudo, no processo de aquisição da vacina Covaxin, uma das principais linhas de investigação da comissão. O contrato entre o governo do presidente Jair Bolsonaro e a farmacêutica indiana Bharat Biotech foi assinado no dia 25 de fevereiro, em uma negociação intermediada pela Precisa Medicamentos, e rescindido no final do mês de agosto, após os irmãos Luis Ricardo Miranda, chefe de Importação do Ministério da Saúde, e o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), denunciarem irregularidades nas tratativas.
Na terça-feira, 14, os senadores vão receber o advogado Marcos Tolentino, apontado como sócio oculto do FIB Bank, que emitiu uma carta-fiança de R$ 80,7 milhões como garantia para a Precisa no acordo firmado para a aquisição de 20 milhões de doses da vacina. O depoimento estava inicialmente marcado para a quarta-feira, 1º, mas foi adiado depois de Tolentino apresentar um atestado alegando “formigamento” no corpo como justificativa para não comparecer. A postura irritou os senadores. “Ele se internou no final da tarde, e oito horas da noite estava dando entrevista. Sorridente, como se nada estivesse acontecendo. Para quem estava passando mal, não dava para estar dando entrevista. O Marcos Tolentino é um fraudador, e não vai fraudar uma doença? É esse cidadão que se interna na véspera de ser ouvido. Ele vem para cá nem que seja de maca. Mas vai vir aqui”, disse o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). A oitiva também servirá para esclarecer os vínculos de Tolentino com o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR). Os dois são amigos pessoais e o advogado, inclusive, acompanhou o parlamentar do Centrão em seu depoimento à comissão, que ocorreu no dia 12 de agosto. Em 25 de agosto, o colegiado ouviu Roberto Pereira Ramos, que se apresentou como diretor-presidente da FIB Bank. Para os congressistas, porém, ele atua como “laranja” de Tolentino. “Nós já sabemos que o verdadeiro responsável pelo FIB Bank é o senhor dessa foto [exibida no telão da comissão], o Marcos Tolentino. Vossas contradições confirmaram as certezas que temos”, disse Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão parlamentar.
Fonte: Jovem Pan