A CPI da Covid-19 no Senado Federal retoma na terça-feira, 1º, as audiências ouvindo a médica oncologista e infectologista Nise Yamaguchi. Defensora do uso da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com coronavírus, ela é próxima do presidente Jair Bolsonaro e já foi consultada por ele em diferentes ocasiões durante a pandemia. O depoimento da médica atende a pedidos de membros da base governista, como o senador Marcos Rogério (DEM). Autor de um dos requerimentos de convocação, ele afirma que a audiência tem “o objetivo único de restabelecer a verdade, oferecendo informações transparentes e esclarecedoras”. Membros da CPI veem na médica uma suspeita de ter integrado o suposto gabinete paralelo de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro. O senador Randolfe Rodrigues (Rede) aponta que o comitê teria ganhado influência a partir de março do ano passado.
“Acredito que a partir dali se instalou uma espécie de comando paralelo do enfrentamento à crise sanitária. Esse comando paralelo, no nosso sentimento, existe e permanece até hoje. E esse comando paralelo baseado sobretudo em declarações no presidente da República, trabalhava e apostava na estratégia de infecção de todos. Da chamada ‘imunidade de rebanho’.” Em depoimento à CPI no dia 11 de maio, o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, disse que Nise Yamaguchi defendeu alterar a bula da cloroquina para descrever o medicamento como eficaz contra a Covid-19. A pesquisadora nega. O senador Otto Alencar (PSD) classifica Nise Yamaguchi como um dos especialistas que não dão o braço a torcer sobre a ineficácia da cloroquina contra a Covid-19.
Para ele, a convocação da infectologista é desnecessária. “A doutora Nise Yamaguchi, por exemplo, queria ser ministra da Saúde, fazia parte do gabinete paralelo que orientava o Pazuello. Ela vai ser chamada na terça, eu não chamaria. Acho completamente desnecessário. Agora, tem que entrar em outros temas, sobretudo da vacina.” Devido ao feriado de Corpus Christi na quinta-feira, a CPI terá uma semana mais curta: após o depoimento de Nise Yamaguchi, os senadores ouvem, na quarta-feira, quatro médicos com opiniões divergentes sobre temas como a hidroxicloroquina, tratamento precoce contra a Covid-19 e obrigatoriedade da vacinação. Depois, as oitivas serão retomadas na semana que vem.
Fonte: Jovem Pan