Por aproximadamente sete horas, a CPI da Covid-19 ouviu, nesta terça-feira, 18, o depoimento do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo. Aos senadores, o ex-chefe do Itamaraty falou sobre críticas à China, da atuação da pasta no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus e da insistência do governo federal em defender a cloroquina, remédio ineficaz no tratamento da doença. A oitiva também foi marcada por críticas ferrenhas da senadora Kátia Abreu (PP-TO) à gestão de Araújo à frente da diplomacia brasileira – um dia antes de entregar sua carta de demissão, o então chanceler insinuou que a parlamentar teria feito lobby em favor da empresa chinesa Huawei no leilão da tecnologia do 5G.
Questionado pelos senadores sobre declarações feitas contra a China, Ernesto Araújo afirmou que sua atuação à frente do Ministério das Relações Exteriores não “criou percalços” no combate à pandemia. “Jamais promovi nenhum atrito com a China”, disse. Na sequência, ele foi repreendido pelo presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), que citou um texto, publicado por Araújo em seu blog pessoal, intitulado “Chegou o comunavírus”, em alusão ao país asiático. “Quero alertá-lo que o senhor está sob juramento. Vossa Excelência deu várias declarações anti-China, se indispôs com o embaixador chinês. O senhor escreve um artigo e diz ‘comunavírus’. Há pouco, disse que não houve nenhuma declaração. Posso ler o seu artigo. O senhor faz uma alusão, erroneamente, de que a pandemia era para ressuscitar o comunismo. Na minha análise pessoal, Vossa Excelência está faltando com a verdade. Peço que não faça isso, porque isso está escrito no seu Twitter. Se isso não é se indispor com um país com quem temos relação comercial muito importante, então não entendo como se faz relações internacionais. Chegar aqui e desmerecer o que já praticou, dizer que nunca se indispôs com a China, Vossa Excelência está faltando com a verdade. Se quiser, leio alguns trechos do que escreveu. Vossa excelência até bateu boca com o embaixador chinês. Nega aquilo que escreveu, aí não dá”, afirmou Aziz.
Fonte: Jovem Pan