O depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, continua nesta quinta-feira, 20 na CPI da Covid-19. A oitiva foi suspensa na tarde desta quarta-feira após o início das votações no plenário do Senado Federal. Como ainda havia 23 senadores inscritos para falar na comissão, a continuidade dos trabalhos ficou para às 9h30 de hoje. Segundo o senador Otto Alencar, que é médico, Pazuello chegou a sentir um mal estar, foi atendido pelo próprio parlamentar e rapidamente se recuperou. Ao sair do Senado, o general negou. No depoimento, o ex-ministro disse que não recusou oferta da Pfizer, mas argumentou que cláusulas eram assustadoras. Mesmo amparado por habeas corpus para ficar em silêncio, o general avisou que não se esquivaria de qualquer pergunta. No entanto, em inúmeros momentos, ele foi cobrado pelos senadores a dar explicações objetivas e acusou o relator de tentar induzir respostas. Questionado sobre por que classificou como “leoninos” os contratos com a Pfizer, Eduardo Pazuello rebateu. “Estávamos falando de pagamento adiantando, estavam falando de assinatura do presidente da República em contrato, o que não existe na nossa legislação, e estávamos falando de não existirem multas em caso de atraso na entrega. A primeira vez que ouvi isso achei muito estranho”, disse o ex-ministro da Saúde, afirmando ainda que se empenhou para resolver os entraves em relação à vacina.
O relator, senador Renan Calheiros (MDB) insistiu em saber porque sete propostas ficaram sem resposta e Eduardo Pazuello reagiu. “Nós nunca fechamos a porta, queremos comprar a Pfizer o tempo todo. O senhor me desculpe, acho que o senhor está conduzindo a conversa”, disse, sendo interrompido por senadores para que respondesse à pergunta. “Não posso negociar com a empresa, quem negocia é o nível administrativo, não é o ministro. O ministro jamais negocia com uma empresa, o senhor deveria saber disso”, afirmou em resposta ao relator. O general disse ter recebido uma recomendação contrária de órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União, para a compra da vacina da Pfizer. Em nota, o próprio TCU informou que em nenhum momento se posicionou de forma contrária ou desaconselhou a contratação do imunizante.
O ex-ministro da Saúde negou ainda negou que o presidente Jair Bolsonaro tenha interferido interferiu para adiar contratos com a Pfizer ou com o Instituo Butantan. O ex-ministro amenizou posições de Bolsonaro contra a CoronaVac. “Nunca o presidente da República mandou eu desfazer qualquer contrato, qualquer acordo com o Butantan. Queria lembrar que o presidente fala como chefe de Estado, como chefe de governo, como comandante das Forças Armadas, mas fala também como agente político”, pontuou, reiterando que as decisões do ministério nunca tiveram interferência do mandatário. O ex-titular da Saúde nega a existência de qualquer grupo paralelo de aconselhamento. “Nenhuma vez eu fui chamado para ser orientado pelo presidente da República de forma diferente por aconselhamentos externos. Nunca, nenhuma vez. Não quero dizer com isso que, qualquer pessoa, principalmente um presidente da República, não ouça, não levante dados ou não procure avaliar o que está acontecendo em volta dele.”
Fonte: Jovem Pan