Dor de cabeça e corrimento nasal são relacionados à variante delta do coronavírus e dificultam diagnóstico

Mudança de sintomas atribuídos à Covid-19 no Reino Unido pode estar relacionada à predominância da variante delta

Especialistas do grupo Zoe Covid Symptom, que analisam os relatórios diários sobre a Covid-19 feitos por habitantes do Reino Unido por meio de um aplicativo, apontam que os sintomas predominantes relacionados à doença têm mudado. Segundo o professor Tim Spector, diretor do estudo, o grupo observa os principais sintomas da Covid-19 desde o início de maio, e eles não são mais os mesmos. “A Covid-19 está agindo de forma diferente agora. É mais como ‘um resfriado forte’ para os jovens”, diz o professor. Enquanto a NHS (Serviço Nacional de Saúde Britânico) elenca tosse contínua e perda/mudança no olfato ou paladar como manifestações mais comuns pela infecção do coronavírus, dor de cabeça, dor de garganta e corrimento nasal têm sido relatados como principais sintomas da Covid-19 atualmente. Além desses, a febre alta permanece bastante comum e a tosse aparece logo em seguida. A perda de olfato, porém, se tornou uma manifestação rara e quase não aparece mais entre os dez principais sintomas da doença, de acordo com Spector. A mudança é atribuída à disseminação da variante delta, que já é predominante no Reino Unido.

“As pessoas podem pensar que acabaram de pegar algum tipo de resfriado sazonal e ainda irem a festas, podendo espalhar o vírus para outras seis pessoas. Achamos que isso está alimentando grande parte do problema”, aponta Spector sobre o aumento de casos no país. Para conter a disseminação da variante delta, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, na segunda-feira, 14, adiou a nova etapa de flexibilização das medidas restritivas implantadas para conter a pandemia. A nova fase de reabertura estava programada para 21 de junho, mas foi adiada para 19 de julho. A pneumologista da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP) da Fiocruz, Patrícia Canto, afirma que é natural que diferentes variantes causem diferentes sintomas, mas aponta que as manifestações acabam fazendo parte de um mesmo quadro clínico. “De um modo geral, a partir do momento que o vírus está livre para se disseminar na população, você tem a possibilidade de que ocorram variantes. E, com essas variantes, você não sabe exatamente o que pode acontecer. Só que, de modo geral, aquele perfil clínico geralmente se mantém. Não vai mudar muito. Um vírus que, por exemplo, acomete via respiratória, dificilmente vai deixar de acometer a via respiratória. A questão dos sintomas pode variar um pouco, mas é, de grosso modo, uma virose de transmissão aérea, de transmissão respiratória e que acomete o sistema respiratório. Dor de garganta e nariz escorrendo também fazem parte do quadro gripal. Então esses sintomas fazem parte ainda do contexto da doença”, explica.


Fonte: Jovem Pan

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