Eleições 2022: Terceira via patina sem representante competitivo e trabalha para não ‘morrer na praia’

Partidos do 'centro-democrático' devem anunciar candidatura única no dia 18 de maio

Aposta para acabar com a polarização entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), a terceira via patina em 2022 sem ter um rosto forte para representar o projeto do chamado centro-democrático. Entre os partidos que compõem à chamada “alternativa ao extremismo”, como costumam definir os dirigentes partidários, estão o PSDB, o Cidadania, o União Brasil e o MDB, que pretendem lançar uma candidatura única em 18 de maio. Até lá, estão no páreo, oficialmente, o ex-governador João Doria (PSDB), a senadora Simone Tebet (MDB) e o deputado federal Luciano Bivar, presidente nacional da sigla que nasceu da fusão entre DEM e PSL. O Cidadania, que aprovou sua federação com os tucanos, também apoiará o nome de Doria. Derrotado nas prévias, o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) corre por fora, tenta se cacifar como postulante deste segmento e busca contornar o mal-estar criado pela investida de caciques do partido contra o ex-governador paulista – na quarta-feira, 20, Leite iniciará seu périplo pelo Ceará, Estado do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), um de seus aliados no ninho tucano.

Preterido por Doria, Leite foi convidado por Gilberto Kassab para representar o PSD na corrida pelo Palácio do Planalto. Para não perder o gaúcho, quadro importante do PSDB, uma ala da legenda se mobilizou para colocar o nome de Leite novamente no páreo, o que rendeu ao ex-governador do Rio Grande do Sul o título de “mau-perdedor”. Como a postulação de Doria não decolou, Leite ganhou o combustível necessário para se mostrar como uma opção. Rejeitado por correligionários e oscilando entre 1% e 3% nas pesquisas de intenção de voto, Doria viu outros integrantes do PSDB aderirem ao movimento pró-Leite. Na última semana, o presidente nacional da sigla, Bruno Araújo, disse a empresários que o pacto das agremiações do centro-democrática é maior do que as prévias tucanas, em um movimento que acendeu o alerta de aliados do ex-governador paulista. Em reação, Doria retirou Araújo da coordenação de sua campanha. Em outro sinal de implosão do tucanato, o mandatário da legenda reagiu à decisão do presidenciável. “Ufa! Comando que nunca fiz questão de exercer”, escreveu em seu perfil no Twitter.

Simone Tebet e ‘o fator Meirelles’

Outro nome que enfrenta resistência dentro da cúpula do próprio partido é o de Simone Tebet. Escolhida pelo MDB como pré-candidata ao Planalto, a senadora, de atuação destacada na CPI da Covid-19, tem recebido diversos ataques de outros integrantes da legenda mais alinhados à esquerda, que se reuniram com o ex-presidente Lula nas últimas semanas. Há, também, os emedebistas que apoiam o presidente Jair Bolsonaro. Para eles, lançar Tebet como postulante ao cargo é um “suicídio político”. “Há uma tendência natural de não irmos mais uma vez para um suicídio político. Nós fomos de [Henrique] Meirelles em 2018, quando nós sabíamos que ele não tinha a menor condição eleitoral, não condição de capacidade, porque [isso] a Simone tem”, argumentou o anfitrião do encontro com o petista, Eunício Oliveira (MDB), ex-presidente do Senado.

“Eu gostaria muito que ela tivesse viabilidade política e eleitoral”, acrescentou o ex-senador, argumentando que o MDB, sendo um partido de base, com maior número de vereadores e prefeitos eleitos no Brasil, não pode se dar ao luxo de diminuir ainda mais a bancada da legenda na Câmara dos Deputados. “Nós encurtamos em 50% a bancada com a candidatura [de Meirelles] que nasceu natimorta. Nós temos uma preocupação com o Congresso. É através dele que você afirma e reafirma a democracia.” Nesta segunda-feira, 18, Tebet afirmou que não aceitará o posto de vice. “Se eu não pontuar a ponto de ser cabeça de chapa, eu não vou ajudar sendo vice”, declarou em sabatina do portal UOL com o jornal Folha de S. Paulo. “Não sou candidata à vice-presidência da República. [Se eu ] Abrir mão da pré-candidatura à Presidência e aceitar papel de vice, estaria diminuindo o espaço da mulher na política”, explicou.

Chapa-pura do União Brasil

Outro partido que parece ver sua chance de conquistar o Palácio do Planalto naufragar é o União Brasil, que apostou suas fichas no desconhecido presidente da legenda, Luciano Bivar. Ao escolher o nome do deputado federal, o União rifou o ex-juiz Sergio Moro, que deixou o Podemos e retirou a sua pré-candidatura para se unir ao projeto nacional do partido, fruto da fusão do DEM e PSL. O ex-juiz, no entanto, não desistiu. Recentemente, em evento nos Estados Unidos, ele afirmou que “ainda está jogando”. A declaração tem como pano de fundo a intenção de uma ala da sigla de lançar uma chapa formada exclusivamente por quadros do União. Nesta configuração, Moro, que se aproximou dos dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto, poderia ter Bivar como vice. Outra alternativa seria dar ao cacique partidário a posição de destaque, uma vez que o ex-magistrado é rejeitado pelos quadros de sua nova legenda ligados ao ex-prefeito de Salvador ACM Neto, que presidia o Democratas.

‘Está na hora de você olhar para o Ciro’ 

Ex-ministro da Integração Nacional e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT) também tenta se colocar como alternativa e busca, ao mesmo tempo, conquistar votos de eleitores da centro-direita e da centro-esquerda. Um dos principais obstáculos para a postulação do pedetista, porém, está justamente na candidatura de Lula, que lidera a corrida pelo Palácio do Planalto. De olho nos eleitores “nem-nem”, isto é, que rejeitam Lula e Bolsonaro e estão indecisos, Gomes mira sua artilharia nos “indecisos”. Nesta segunda-feira, 18, a campanha do presidenciável lançou o jingle “Está na hora de você olhar para o Ciro”. “Está cansado dos mesmos de sempre, de seguir no mesmo giro? Tá na hora de você olhar pro Ciro. Saber que um rouba mas faz, e o outro, esse rouba sem fazer. Isso você não vai querer. No pé… dar um tremendo tiro”, diz a letra da peça. Com a saída de Moro da disputa pelo Planalto, o pedetista chegou ao terceiro lugar nas pesquisas eleitorais.


Fonte: Jovem Pan

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