No próximo ano, uma a cada 33 pessoas do mundo dependerão de ajuda humanitária para sobreviver. A previsão é da Organização das Nações Unidas (ONU), que indica que décadas de progressos sociais estão sendo ameaçadas, quando já não foram impactadas, pela pandemia de coronavírus. As conclusões foram tiradas de um documento abrangente intitulado “Visão Humanitária Global”, divulgado pela entidade nesta terça-feira, 1. Apesar do relatório ser publicado todos os anos, como forma da ONU estabelecer e justificar as suas prioridades para os próximos 12 meses, a edição de 2020 tem um caráter quase inédito após anos seguidos de melhorias nos índices de fome e extrema pobreza, que vieram à baixo com a crise da Covid-19. O órgão estima que, em 2021, um total de 235 milhões de pessoas precisarão receber algum tipo de ajuda humanitária. No entanto, o seu objetivo para o próximo ano é atender 159,9 milhões desses indivíduos, que estão espalhados em 56 países pelo mundo, com um orçamento de US$ 35,1 bilhões. A meta é mais que o dobro dos US$ 17 bilhões que a entidade recebeu dos seus países-membro em 2020, quando houve um recorde na arrecadação.
O subsecretário-geral para assuntos humanitários da ONU, Mark Lowcook, defendeu em comunicado que o valor é “muito pequeno” quando comparado à quantidade de dinheiro que os países mais ricos do mundo estão injetando em suas próprias economias para recuperá-las. Ele ilustrou que, enquanto as nações mais poderosas já estão conseguindo ver “a luz no fim do túnel” após a pandemia de coronavírus, os países mais pobres enxergam apenas “luzes vermelhas” piscando em sinal de alerta. Nesse sentido, a nação com maior número de cidadãos necessitando de ajuda humanitária é o Iêmen, com 24,3 milhões de pessoas vivendo em situação precária. Em seguida vem a Etiópia (21,3 milhões), a República Democrática do Congo (19,6 milhões), o Afeganistão (18,4 milhões) e o Sudão (13,4 milhões). Apesar da Síria ocupar o sexto lugar, com 13 milhões de pessoas dependentes de auxílio, ela é o país que mais precisará dos recursos da ONU: a entidade prevê gastos de US$ 4,2 bilhões na nação.
Lowcook ilustra que a pandemia de coronavírus se espalhou de forma desigual pelo mundo: enquanto alguns países conseguiram conter as infecções, outros ainda enfrentam uma enorme emergência de saúde pública. À medida que as transmissões continuam, a Covid-19 está agravando as vulnerabilidades já existentes de algumas nações, criando assim novas necessidades humanitárias e exacerbando as atuais. “A expectativa de vida vai cair. O número anual de mortes por HIV, tuberculose e malária deve dobrar. Tememos quase o dobro do número de pessoas que enfrentam a fome. Muitas meninas fora da escola nunca mais voltarão”, enumerou o subsecretário-geral.
Fonte: Jovem Pan