Em alta, testes genéticos são apostas para ‘prever’ o futuro e conhecer o passado

Exames mais recentes podem ser comprados pela internet e usam saliva para análise do DNA

A busca por testes genéticos vem se popularizando no Brasil. Com o surgimento de novas empresas e opções de exames, o que antes era de difícil acesso e limitado a um grupo de maior poder aquisitivo se tornou uma alternativa para muitos brasileiros conhecerem mais sobre a sua origem – e saúde. Somente de janeiro a junho de 2021, a procura pelos exames de ancestralidade cresceu 300% em comparação com o mesmo período do ano passado, mostram dados do MeuDNA, empresa voltada para o mapeamento genético. Com valor médio de R$ 200, os exames de linhagem permitem que o paciente conheça, em média, o perfil de oito gerações anteriores. E os resultados são surpreendentes: no Brasil, das 88 possíveis nacionalidades a serem identificadas, 60 já foram confirmadas. “É a chance de resgatar uma história que se perdeu, seja por imigração, adoção, seja porque a história contada não é exatamente a real. Portanto, conseguir entender o contexto da nossa origem um pouco mais remota, os últimos 100, 200, 500 anos da nossa história é um alento”, afirma David Schlesinger, co-fundador e CEO da Mendelics, laboratório de diagnóstico genético responsável pela empresa MeuDNA.

Embora a chance de conhecer a origem de seus antepassados já seja considerada positiva – e prazerosa – pelos adeptos, os testes genéticos vão além dessa possibilidade, podendo identificar, a partir do DNA, diversas características hereditárias, como maior propensão à obesidade, problemas de visão, predisposição ao alcoolismo e dependência de nicotina, calvície e até osteoporose. Para isso, os exames mais recentes funcionam da seguinte forma: o paciente compra o teste pela internet ou em uma farmácia e colhe a saliva com uso de um cotonete, que é depositado em um tubo e enviado para análise por meio dos Correios, sem custos adicionais. Dentro de quatro a seis semanas, o resultado é disponibilizado de forma online. O preço do mapeamento genético para pessoas com mais de 18 anos varia de R$ 799 a R$ 1.199, e pode identificar mutações gênicas associadas a altos níveis de colesterol e triglicerídeos; câncer de mama, ovário, próstata e estômago; diabetes tipo 1 e 2, trombose, infarto, mal de parkinson, doença de crohn e intolerância a glúten, entre outras coisas.

Enquanto isso, a versão do exame para recém-nascidos e crianças de até 1 ano, como o MeuDNA Bochechinha, é apresentada como um complemento do tradicional teste do pezinho e pode rastrear 342 doenças genéticas graves, que podem ser tratadas e mudar a vida dos bebês. “São doenças que se você não fizer nada, vão trazer muitas consequências, podendo resultar em morte ou invalidez, mas se você descobrir cedo o suficiente é possível intervir. Isso certamente salva a vida das crianças, temos milhares de casos ao longo dos anos que salvamos, não temos dúvida nenhuma”, diz Schlesinger, que também é neurologista e doutor em genética. Atualmente, o exame neonatal tem valor médio de R$ 1.190 e também é feito pela coleta de saliva do bebê. Entre as possíveis doenças identificadas, as mais comuns são: anemia falciforme, fibrose cística, talassemia [desenvolvimento anormal das hemoglobinas] e fenilcetonúria, caracterizada pelo acúmulo de um aminoácido no sangue.


Fonte: Jovem Pan

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