O embaixador da Nicarágua na Organização dos Estados Americanos (OEA), Arturo McFields, denunciou o próprio governo que o indicou para o cargo como uma ditadura nesta quarta, 23. “Denunciar a ditadura do meu país não é fácil, mas continuar em silencia e defender o indefensável é impossível” disse McFields em um vídeo publicado nas redes sociais, enquanto relatava que no país há repressão à oposição política, abusos de direitos humanos e a liberdade de expressão não existe. Também citou casos de presos políticos, fechamento de organizações não-governamentais e censura, antes de anunciar que deixava o posto.
O governo nicaraguense, “através do Ministério das Relações Exteriores, cumpre com informar ao nosso povo e aos que estão preocupados que o senhor Arturo McFields não nos representa, portanto, nenhuma de suas declarações é válida”, disse um comunicado de imprensa emitido em Manágua, capital do país. Na nota de Manágua, o governo Ortega assegura que a pessoa “devidamente credenciada” como seu representante na OEA não é McFields, mas o embaixador Francisco Campbell Hooker. No entanto, no site oficial da OEA, quem aparece como representante permanente é McFields, enquanto Iván Lara aparece como representante suplente. Francisco Campbell, atual embaixador da Nicarágua nos Estados Unidos, não aparece. Seu filho, Michael Campbell, foi representante interino da Nicarágua na organização antes da chegada de McFields.
A Nicarágua é presidida por Daniel Ortega, que em sua segunda passagem pela presidência, está no cargo desde 2007. Nas eleições de 2021, vencidas por Ortega, a maior parte dos candidatos opositores que poderiam ter uma votação expressiva foram presos antes do pleito e o processo não foi reconhecido como legítimo pela comunidade internacional. Antigo revolucionário de esquerda, Ortega já mandou prender até mesmo seus ex-companheiros da época de guerrilheiro. O governo da Nicarágua acusa os opositores de conspirar com os Estados Unidos para derrubar o presidente do poder.