Empresário admite que chegou a Queiroga por Barros mas nega que tenha tido ‘facilitador político’

Emanuel Catori, CEO da Belcher Farmacêutica depôs nesta terça-feira, 24, na CPI da Covid-19

Em seu depoimento à CPI da Covid-19, o dono da Belcher Farmacêutica, Emanuel Catori, admitiu que participou de uma reunião com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a convite do líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), mas negou que sua empresa tenha tido um “facilitador político” na relação com o governo do presidente Jair Bolsonaro. A Belcher tem sede em Maringá, no Paraná, reduto eleitoral de Barros, e ofereceu 60 milhões de doses da vacina Convidencia ao Ministério da Saúde. Mesmo amparado por uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe garantiu o direito de permanecer em silêncio em perguntas que pudessem incriminá-lo, o empresário respondeu à maioria dos questionamentos.

A reunião citada ocorreu no dia 15 de abril deste ano. A princípio, o encontro seria entre Ricardo Barros e Marcelo Queiroga. No entanto, além do CEO da Belcher, participaram da agenda Paulo Diniz, CEO da Lifemed; Elcemar Almeida, representante da Vaxxinity; Luis Carlos Nardi, diretor do Hospital Santa Rita de Maringá; e Júlio Felix, representante do laboratório Hilab. Aos senadores, Emanuel Catori disse que não tratou sobre a venda de vacinas para o Ministério da Saúde porque sua empresa só se tornou representante legal da CanSino no Brasil quatro dias depois, em 19 de abril – o laboratório japonês rompeu com a Belcher em junho, alegando motivos de compliance. “Eu não poderia falar sobre a CanSino, porque eu ainda não estava autorizado a falar sobre a vacina”, disse. Em seu tempo de exposição, porém, o senador Rogério Carvalho (PT-SE), suplente da comissão, afirmou que a CPI tem documentos que comprovam que, em março, Belcher e Cansino apresentaram à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) um plano oficial para a importação de vacinas destinadas ao setor privado.

Para os senadores, o episódio reforça a influência de Ricardo Barros dentro do Ministério da Saúde e é mais um exemplo de que o governo Bolsonaro priorizou a negociação para a compra de vacinas com intermediários. “Essa fotografia [da reunião de 15 de abril] é uma fotografia de corpo inteiro, né? Do estilo, do modus operandi do governo que, enquanto recusava os contatos com a Pfizer, com o Butantan, com a OMS, preferia priorizar a Davati, o Dominguetti, o Ricardo Barros. É por isso que nós chegamos a essa situação no Brasil enquanto os brasileiros morriam e continua a morrer”, disse o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL). “A escolha da Belcher não se deu por acaso. Ela foi trabalhada e intermediada por pessoas de dentro do governo. Foi uma atuação política para promover esse casamento entre Ministério da Saúde, Belcher e CanSino”, acrescentou o senador Humberto Costa (PT-PE).


Fonte: Jovem Pan

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