Após o Maranhão identificar os primeiros casos de transmissão da variante indiana do coronavírus, 100 pessoas que tiveram contato ou estiveram no mesmo ambiente dos infectados estão sendo monitoradas. A nova cepa foi detectada após uma embarcação vinda da Ásia chegar em São Luís. Os testes já confirmaram a variante em seis amostras coletadas em tripulantes. Boa parte dos exames é de pessoas que trabalham no hospital onde um dos infectados está internado. Nas redes sociais, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), disse que não há transmissão local da doença, e que os três portos do Estado não vão ser fechados. Em entrevista coletiva, no entanto, Dino garantiu que todos os cuidados necessários estão sendo adotados. “Fiscalização, claro, e peço para que todos colaborarem, porque o principal é fiscal é o senhor, é a senhora. É um conjunto de atitudes da sociedade que faz com que possamos evitar um nome crescimento de pessoas internadas”, disse.
A situação também preocupa outros estados. A Secretaria da Saúde do Ceará monitora o isolamento de um paciente vindo da Índia após ser notificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de um possível caso da variante em Fortaleza. Uma pessoa que veio junto na viagem também é monitorada, mesmo tendo testado negativo. A epidemiologista e professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo, Ethel Maciel, avalia que a situação é preocupante e que, apesar da recomendação da agência de criar barreiras sanitárias na fronteira, o poder público não tem posto em prática medidas para o controle da doença. “Pessoas que tiveram suspeita têm que ficar em isolamento, pessoas vindas da Índia têm que ficar em isolamento e a população tem que ser testada. Enfim, a mesma coisa que está acontecendo com brasileiros que estão indo para outros países, teríamos que estar fazendo isso aqui, mas não estamos. Então, com essa mobilidade que temos, é possível que já tenhamos essa variante circulando aqui”, analisa.
Segundo a epidemiologista, para fazer frente da pandemia, o Brasil precisa criar programas de testagem em massa, além de monitorar as novas variantes por meio do sequenciamento genético. “Lembra que quando a nossa variante que surgiu no Brasil foi identificada primeiramente no Japão, não fomos nós que identificamos. Isso porque fazemos pouco testes, então precisamos ampliar isso que a gente chama de vigilância genômica, ou seja, os teste que identificam qual variante que é.” A especialista lembra que testes indicaram a eficácia da vacina da Pfizer, Moderna e AstraZeneca contra a variante da Índia e reforça a importância de que os mesmos estudos sejam feitos com a CoronaVac no Brasil a fim de comprovar a efetividade do imunizante.
*Com informações da repórter da Caterina Achutti