Ex-médica da Prevent Senior diz à CPI da Câmara de SP que era contra indicação ‘generalizada’ de kit covid

A operadora de Saúde Prevent Senior é alvo de uma série de investigações por procedimentos que recomendou durante a pandemia da Covid-19

A primeira a prestar depoimento na CPI da Covid-19 da Câmara Municipal de São Paulo foi a ex-médica da Prevent Senior Carla Morales Guerra. Ela confirmou que os médicos eram obrigados a receitar o ‘kit covid’ aos pacientes internados e em isolamento em casa. O kit tinha hidroxicloroquina e azitromicina, remédios que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), não possuem eficácia no tratamento da infecção pelo novo coronavírus. “Fiquei decepcionada pelo fato das minhas questões técnicas não terem sido ouvidas. Mesmo eu dizendo e considerando a questão da Cloroquina, foi optado por seguir esse caminho. Graças a Deus, eu tinha outras funções e eu fui para essas outras funções. Eu acredito que eu contribuí muito, salvei muitas vidas fazendo o trabalho correto, orientando questões de fluxos no hospital. Mas eu acho que tinha essa questão”, pontuou a médica. O nome da médica Carla Morales chegou a constar em três estudos iniciais da Prevent Senior com hidroxicloroquina, mas, segundo ela, por notar que os medicamentos não tinham nenhuma eficácia, ela pediu para sair do grupo de estudo, o que irritou a direção do hospital. “Confesso que eu ficava incomodada, mas, por outro lado, esse manual não fala só de tratamento, então existiam recomendações ligadas ao meu trabalho. Confesso que me incomodava o meu nome como parte da parte terapêutica, mas, por outro lado, tinha outras questões que eu era responsável”, disse.

O presidente da CPI, vereador Antônio Donato (PT) confirmou que a ordem de receitar medicamentos sem eficácia para os pacientes vinha do Pentágono, uma espécie de comitê criado pela direção da operadora de saúde Prevent Senior. “E ela também demonstrou que essa decisão do ‘kit covid’ é uma decisão superior, não era a nível técnico, era uma decisão executiva da empresa de indicar o kit. Então nós vamos ter que aprofundar e chegar até essa cadeia de comando pra que a gente possa apurar as responsabilidades”, afirmou o vereador. Fernando Oikawa e Saulo Oliveira, médicos da Prevent Senior, também prestaram depoimento, mas com habeas corpus preventivo. Eles não foram obrigados a falar a verdade na CPI. Oikawa foi questionado pelo vereador Celso Giannazi (PSOL) se, hoje, ele prescreveria os medicamentos sem eficácia. “Eu acredito na vacina, tanto que me vacinei. Daqui a pouco vou vacinar com a terceira dose e, hoje, eu não prescreveria [o kit]”, alegou o médico. Os vereadores ainda questionaram Oikawa sobre uma mensagem de WhatsApp atribuída a ele que pedia para que pacientes e familiares não fossem informados sobre as medicações. Ele disse que tomou conhecimento somente pela imprensa. Na próxima semana, a CPI vai ouvir pelo menos três médicos. Para os vereadores, serão os mais importantes, por terem elaborado o dossiê da Covid-19 contra a operadora de saúde Prevent Sênior. Segundo os vereadores membros da CPI, há uma tentativa clara de proteger a empresa Prevent Sênior das denúncias da pandemia.


Fonte: Jovem Pan

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