Secretário-geral da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Walter Feldman concedeu entrevista exclusiva ao Grupo Jovem Pan, na manhã deste domingo, 13, e confirmou que o presidente afastado da instituição, Rogério Caboclo, discutiu com o técnico Tite quanto à controversa realização da Copa América no Brasil. O dirigente, no entanto, afirmou que o treinador nunca teve o seu cargo ameaçado. “Em nenhum momento o professor Tite teve a sua estabilidade comprometida, mas, claro, nos últimos dias houve também discordâncias profundas com o Caboclo, particularmente no assunto da realização da Copa América no Brasil”, revelou em conversa com os jornalistas Wanderley Nogueira e Bruno Prado.
Após as desistências de Colômbia e Argentina em sediar a competição, o Brasil, através da CBF e do governo federal, decidiu ser anfitrião do torneio, que começa hoje com a partida entre a seleção brasileira e a Venezuela, no Estádio Mané Garrincha, a partir das 18 horas. A decisão gerou críticas nas redes sociais, já que o país também atravessa um momento difícil na pandemia do novo coronavírus. Além disso, a Confederação está passando um momento turbulento, já que o presidente Rogério Caboclo precisou ser afastado após denúncias de assédio sexual e moral de uma funcionário. “Bom, vocês acompanharam, vivemos um verdadeiro ‘furacão’ por conta das denúncias que foram feitas, sendo necessário o afastamento do presidente Rogério Caboclo. Isso passa muito pela decisão da diretoria da CBF, que acredita que é o melhor para ele fazer a sua defesa. Não houve nenhuma dúvida em relação a isso. Antes deste acontecimento, de fato, houve alguns contatos do Tite e do Juninho Paulista com o Caboclo. Foram reuniões relativamente tensas. Com a saída do Caboclo, houve uma mudança parcial, não diria determinante, para que os jogadores e o professor Tite se manifestassem contra a Copa América no Brasil”, comentou Walter Feldman sobre os últimos dias da instituição.
De acordo com o secretário-geral, já existia um racha entre a diretoria da CBF e Caboclo antes mesmo da apresentação das denúncias. “Eu diria que, nos últimos tempos, o que aconteceu foi uma discordância de procedimentos em relação ao presidente Caboclo e toda a sua diretoria, praticamente sem exceção. Ele, que havia feito uma gestão transformadora como CEO e, nos últimos dois anos, como presidente, teve uma mudança de comportamento. Isso atingiu aquilo que a diretoria enxergava como uma postura mais adequada. A partir daí, nós passamos a trabalhar no processo crítico, no processo de enfrentamento até que houve as denúncias. Naquele momento, já tínhamos dito algumas discussões em que apresentávamos discordâncias, enquanto o presidente Caboclo insistia que não iria renunciar”, comentou Feldman, que confirmou a notícia de que quase foi desligado.
“No momento do jogo em Porto Alegre, que as imagens mostraram, tivemos a conversa mais contundente, mais dura, onde a gente dizia a ele que o afastamento não era mais um pedido, mas uma necessidade. Nós dissemos que a diretoria, a partir daquele momento, iria trabalhar ativamente para que isso acontecesse. A partir daquele instante, o diretor André Megale formulou o procedimento a toda diretoria para que apresentasse o documento à Comissão de Ética. Foi o que aconteceu! Quando eu falei com o Caboclo que a gente iria trabalhar pelo seu afastamento, ele, de maneira imediata, falou com alguém fora da equipe para produzir a minha exoneração retroativa, que foi rapidamente revertida”, complementou o dirigente.
Fonte: Jovem Pan