A meteorologista Maria Clara Sassaki conversou com o “Jornal da Manhã”, da Jovem Pan, nesta terça-feira, 28, sobre as fortes chuvas que atingem parte da região nordeste do Brasil e até o momento deixaram pelo menos 20 mortos, afetando quase 500 mil pessoas na Bahia, em parte de Minas Gerais e Piauí. Segundo ela, a chuva é considerada atípica para as previsões feitas. “Há um excesso, a chuva já é cinco vezes maior do que a média climatológica para o estado da Bahia, isso não acontecia desde 1989. Volta e meia nós temos eventos significativos, mas com essa quantidade de água há um bom tempo não víamos na região”, afirmou. Sassaki explicou que a combinação da ocorrência do La Niña que atinge parte do Brasil, a Alta da Bolívia, um vórtice-ciclônico no nordeste e o aquecimento de águas do Atlântico formam um corredor de umidade conhecido como “zona de convergência do Atlântico Sul” que contribui nas precipitações.
“Esse sistema acaba provocando uma chuva muito volumosa por vários dias seguidos. Como toda essa engrenagem continua funcionando, essas frentes frias vão se renovando a cada quatro, cinco dias. A gente vê que dá uma melhorada no tempo, mas não dá tempo suficiente de escoar toda essa chuva, toda essa água, logo temos outra frente fria e essa chuva volumosa retorna”, afirmou. Segundo ela, não há qualquer previsão de que até o fim do ano o tempo melhore. “Não é só a Bahia que está na rota dos perigos. Temos também o sul do estado do Piauí, Maranhão, Tocantins, Minas Gerais e também o Espírito Santo”, citou. Segundo a especialista, há riscos de transtornos na região e é difícil prever e tomar medidas com antecedência em relação a casos de chuvas extraordinárias como as registradas na Bahia.
Fonte: Jovem Pan