França começa 2022 com corrida presidencial; veja nomes que ameaçam reeleição de Macron

Presidente da França, Emmanuel Macron, tentará se reeleger em 2022

Além do Brasil, a França também será marcada por eleições presidenciais em 2022. Em uma Europa que se adapta à transição de poder da conservadora Angela Merkel para o centro-esquerdista Olaf Scholz, o francês Emmanuel Macron deve tentar a reeleição e concorrer contra candidatos da extrema-direita. Assim como a maior parte dos políticos que atravessaram a crise da Covid-19 iniciada em 2020, o presidente centrista enfrentou problemas de popularidade e protestos ao longo dos seus anos de governo, chegando a receber um tapa de um cidadão durante uma visita ao sul do país e uma ovada em uma feira gastronômica na cidade de Lyon. O sociólogo e cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rogério Baptistini, explica que o movimento dos coletes-amarelos – uma série de protestos iniciados por causa do aumento de impostos em combustíveis e reformas fiscais propostas pelo governo – e a greve dos trabalhadores de transportes mais longa da história foram algumas das situações de crise enfrentadas pelo centrista nos seus primeiros anos como chefe do Executivo francês, além da pandemia da Covid-19, que desestabiliza a economia mundial. “Suas medidas visando estabilizar a economia não foram capazes de conter a insatisfação causada pelo desemprego estrutural de uma economia que se ‘uberizava’, e também foi agravada pelo desemprego conjuntural da Covid. Essa insatisfação foi explorada pela extrema direita com o discurso antissistema político e nacionalista xenófobo, atribuindo aos imigrantes africanos e mulçumanos os problemas de insegurança, do desemprego e da destruição do modo de vida francês”, analisa.

Ultradireita avança e divide votos de Le Pen

A insatisfação contra a posição de “centro-esquerda” de Macron trouxe às pesquisas eleitorais preliminares alguns nomes de direita que hoje disputam votos com Marine Le Pen, candidata que foi ao segundo turno em 2017. Um desses nomes é o do candidato independente Éric Zemmour, escritor e jornalista que tem, além do discurso xenófobo natural à extrema-direita, a proposta de retirar a França da União Europeia, assim como ocorreu com o Reino Unido no “Brexit”. “Ele é um tipo de político ‘outsider’. Vimos isso nos últimos anos acontecendo no Brasil, nos Estados Unidos e em outras partes da Europa. Este tipo de político não é tradicional, mas tem se alçando em diversos cargos, e nesse caso, em uma candidatura à presidência, o que mostra que a força da extrema direita ganhou fôlego”, analisa o professor da Escola de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Pedro Brites. O especialista do Mackenzie lembra que, aos olhos da política internacional, além de uma ameaça à reeleição do atual político francês, Zemmour é um perigo à democracia do país europeu.

“Ele explora o sentimento dos vulneráveis, dos jovens, dos idosos e das camadas médias da população com a situação econômica. Ele nega o sistema político apelando para fatores emocionais e critica a integração europeia, apontando como o problema do caos econômico os imigrantes da África negra e os imigrantes muçulmanos. Ele explora uma espécie de sentimento de ódio contra os não franceses”, explica Baptistini. Com um tom um pouco mais moderado, mas ainda conquistando intenções de voto da extrema-direita, aparece o nome de Xavier Bertrand, que também se apoia no discurso antimigração para buscar eleitores. “Ele tem políticas muito irrealistas e de extremo liberalismo, de contenção fiscal, e isso é pouco realista para o cenário francês atual. O cenário francês atual, sobretudo por conta da pandemia, reclama maior gasto público, principalmente nas áreas de saúde, de proteção social dos mais pobres e da recuperação dos empregos”, afirma o docente do Mackenzie.


Fonte: Jovem Pan

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