O Gerente-Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gustavo Mendes Lima, afirmou que a equipe recomenda que a Direção Colegiada do órgão aprove o uso emergencial da CoronaVac, desde que haja um monitoramento e acompanhamento muito próximo em relação as incertezas, além de uma avaliação periódica. “A nossa recomendação como área técnica é que, tendo em vista o cenário da pandemia e o aumento do número de casos e a ausência de alternativas terapêuticas, se aprove o uso emergencial da Coronavac, condicionada a um monitoramento e acompanhamento muito próximos em relação as incertezas e avaliação periódica”, disse.
Dentre as incertezas em relação ao imunizante, Lima citou a falta de dados sobre a eficácia para dose única, e em crianças, gestantes, e imunossuprimidos. Segundo ele, não teve uma apresentação fragmentada dos dados ou números suficientes para chegar a conclusões confiáveis. Além disso, mesmo sendo solicitado mais de uma vez, o Instituto Butantan não apresentou os dados de imunogenicidade. “Os dados de imunogeneicidade não tinham sido apresentados no início, e depois foram, mas não são mas quantitativos, o que não é considerado adequado para a nossa avaliação”, explicou. Também não foi discriminada qual a eficácia da vacina dividida entre os períodos de aplicação, quantas doses serão necessárias e como o imunizante reagiu a pessoas que já tiveram a doença. Os dados também não foram suficientes para mostrar uma eficácia dos casos moderados e graves, isso porque o número de ocorrências no placebo e no grupo vacinado foram muito baixos, problema que também aconteceu em relação aos idosos. “Os dados precisam ser confiáveis. Nós, como agência reguladora, precisamos ter acesso a todas as informações prestadas (…). Fizemos algumas perguntas durante a avaliação de uso emergencial e não conseguimos as respostas, o acesso ao banco de dados ainda estava restrito”, afirmou Lima. Por isso, a Gerência-Geral agendou, no dia 25 de janeiro, uma inspeção de boas práticas clínicas.
Fonte: Jovem Pan