Governos começam a se posicionar sobre festas de fim de ano na Europa

Na França, onde venda de árvores de Natal foi liberada, lojistas temem quebrar se continuarem fechadas no final do ano

Com a proximidade das festas de final de ano e do inverno no Hemisfério Norte, os governos e as autoridades de saúde dos Estados Unidos e da Europa começaram a se pronunciar sobre como a população deve se comportar nesse período, a fim de evitar que o número de contaminações por coronavírus aumente ainda mais. Na Itália, o primeiro-ministro Giuseppe Conte foi enfático ao dizer que esse ano as comemorações natalinas deverão ser mais “sóbrias”, ou seja, sem grandes celebrações. “Uma semana de sociabilidade selvagem significaria pagar com um forte aumento da curva em janeiro, em termos de mortes e estresse nos cuidados intensivos. Não podemos nos dar esse luxo”, afirmou durante um discurso à assembleia dos municípios nesta terça-feira, 17. O coordenador do comitê criado para administrar a emergência sanitária da Itália, Agostino Miozzo, concordou com Conte ao dizer que “um jantar de Natal com cerca de 20 pessoas não será possível neste ano”. Durante a sua declaração ao canal de televisão SkyTg24, ele mencionou, no entanto, que “algo poderá reabrir em algumas áreas a partir de 3 de dezembro”, sustentando as afirmações feitas pela imprensa italiana de que o governo estaria preparando um novo decreto que permitiria a abertura de lojas e restaurantes durante o período do Natal.

As autoridades da França, por sua vez, se reuniram nesta quarta-feira, 18, para definir como será o próximo confinamento, visto que o que está em vigência atualmente termina no dia 1 de dezembro. Nenhuma decisão foi divulgada ainda, mas o primeiro-ministro Jean Castex adiantou na última quinta-feira, 12, que a reabertura no final do ano será apenas parcial, com as pessoas ainda precisando portar um formulário preenchido quando saírem de suas casas. Ele afirmou que o objetivo do governo era permitir celebrações familiares, mas que o Natal “não seria como de costume” esse ano. “Não é razoável esperar grandes festas ou reuniões de várias dezenas de pessoas, especialmente na véspera do Ano Novo”, disse. Castex indicou que lojas poderão ser reabertas dependendo de como estiver a situação do país, mas que dificilmente bares, restaurantes e academias poderão voltar a funcionar. As lojas de varejo tem pressionado o governo a permitir a sua reabertura no período de compras natalinas, alegando que, se isso não acontecer, os negócios perderão vendas para a Amazon e acabarão falindo. Uma curiosidade é que, nesta quinta-feira, 19, as árvores de Natal passaram a ser consideradas “itens essenciais” para que a sua compra e venda não seja proibida pelas atuais regras de confinamento. A medida determinou que a decoração natalina mais simbólica poderá ser comercializada ao ar livre ou por meio de serviços de entrega ou retirada.

O Reino Unido também deve abrir algumas exceções durante a semana do Natal. Segundo o jornal local The Sun, o governo estaria preparando um pacote de medidas que possibilitariam pessoas de até três endereços diferentes de se encontrarem para a ceia do dia 24 de dezembro. Atualmente, o encontro de moradores de residências diferentes está proibido. Questionada sobre o assunto, a consultora médica do governo britânico para a Covid-19, Susan Hopkins, confirmou que o desejo das autoridades é que o Natal seja “o mais próximo do normal possível”, mas que para isso seria necessário adotar restrições ainda mais severas antes e depois das festas. O porta-voz do primeiro-ministro Boris Johnson confirmou que os ministros estavam “buscando maneiras de garantir que as pessoas possam passar mais tempo com a família durante o Natal, no final de um ano extremamente difícil”. As autoridades de saúde, no entanto, têm se mostrado contra a possível medida. Em entrevista à BBC, o professor de epidemiologia de doenças infecciosas Andrew Hayward, da University College of London, alertou que misturar núcleos familiares no Natal apresenta “riscos substanciais”, particularmente quando gerações com alta incidência de infecção socializam com pessoas mais velhas. “Sabemos que as infecções respiratórias atingem o pico em janeiro, então jogar lenha no fogo durante o Natal só pode contribuir para isso”, argumentou.


Fonte: Jovem Pan

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