O vice-presidente da república, general Hamilton Mourão, concorda com a tese de que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), extrapolou os limites ao autorizar a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson. O general reconhece que o presidente do PTB, preso desde a semana passada, fez ataques diretos e incisivos contra as instituições. Para ele, no entanto, trata-se de uma questão de opinião. Apesar dos discursos contundentes e ameaças do ex-parlamentar aos ministros do Supremo, Mourão não acredita que ele seja de fato uma ameaça real à democracia. Por isso, na avaliação dele, não precisava ter sido preso. “Acho o ministro Alexandre de Moraes poderia ter tomado outra decisão tão importante e coercitiva sem necessitar mandar prender por algo que é um opinião. Não considero que Roberto Jefferson seja uma ameaça à democracia tão latente assim.”
Mourão não esconde o desgaste na relação com o presidente Jair Bolsonaro, que já o criticou publicamente em diversas oportunidades. A situação ficou ainda mais complicada após o general se reunir, na semana passada, com o ministro Luis Roberto Barroso – responsável, no entendimento de Bolsonaro, pela derrota da PEC do voto impresso na Câmara dos Deputados. No sábado, ambos se encontraram em uma cerimônia no Rio de Janeiro, mas não houve sequer um cumprimento: apenas o que definiu como continência respeitosa, disse o vice-presidente. Há a possibilidade, inclusive, de que Mourão não tenha sido convidado para a comemoração do Dia da Independência.
“Manifestação do dia 7 de setembro, que eu saiba, não tem nada a ver com o presidente. O que eu sei que vai haver no dia 7 de setembro é uma pequena comemoração pela nossa independência. Acho que vai ser na frente do Alvorada, porque, ainda pelas condições da pandemia, não ocorrerá o desfile militar”, afirmou. Para o vice-presidente, as medidas que vêm sendo anunciadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para aumentar a transparência da eleição são passos importantes no sentido de tranquilizar a população em relação ao processo de votação. Mourão diz que, até que provem o contrário, continuará confiando nas urnas eletrônicas.
*Com informações do repórter Antônio Maldonado
Fonte: Jovem Pan