No dia 4 de março, o procurador-geral do Rio de Janeiro, Luciano Mattos, anunciou a extinção do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública do Ministério Público do Estado. Instituído em 2015, o Gaesp era responsável por investigar crimes cometidos por agentes de segurança, como policiais militares. Um dos casos que estava em apuração era o homicídio da menina Ágatha Vitória Sales Felix, de oito anos, morta durante uma operação no Complexo do Alemão, em 2019.
O pesquisador da Human Rights Watch César Muñoz afirmou que a decisão de Mattos de extinguir o grupo enfraquece o controle sobre a polícia. “Quem vai ter que investigar esses atos é o promotor da área, da região. E um promotor que, provavelmente, vai ter trabalhado com esse policial. É a mesma região. Se ele ou ela apresentar uma denúncia, vai assinar sozinha. Com o Gaesp, é um grupo de promotores que assinam juntos. Essa pessoa tem um monte de outros crime que tem que investigar, de todo tipo de atividade criminosa.”
Na avaliação de César Muñoz, toda a população do Rio de Janeiro sofrerá as consequências dessa medida. “Os beneficiados dessa decisão são os policiais corruptos, violentos e abusivos. E quem sair prejudicamos somos todos nós. O bom policial, que quer fazer o trabalho dele, também vai ser prejudicado por estar ao lado de um policial abusivo.” Em 2020, a polícia do Rio matou mil 245 pessoas, segundo o Instituto de Segurança Pública.
*Com informações da repórter Nicole Fusco