Nesta terça-feira, 5, o senador Alvaro Dias, líder do Podemos no Senado Federal, concedeu uma entrevista ao vivo para o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, para falar sobre a saída do ex-juiz Sergio Moro da legenda, trocando-a pelo União Brasil. A saída de Moro surpreendeu os integrantes do Podemos, já que ele era o pré-candidato do partido à presidência da República e figurava em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Segundo Dias, a troca de partido pelo ex-magistrado foi um “tiro no pé”, já que ele não poderá dar continuidade à sua candidatura ao Palácio do Planalto pela nova legenda: “O sonho foi sepultado”.
Em um “quadro de depredação da política de modo geral, de um processo eleitoral que se torna promíscuo, o ex-juiz Sergio Moro buscou uma estrutura maior. Essa foi exatamente a razão da mudança, buscar uma estrutura maior para dar competitividade a sua candidatura. Agora que não se diga que o Podemos não deu a ele todas as condições necessárias nessa fase de pré-campanha. Não acredito que nenhum outro candidato de qualquer outro partido tenha recebido o apoio que ele recebeu do Podemos nesse período de pré-campanha. Nós respeitamos a decisão, porque trata de um jogo bruto. Ele não tinha coligação alguma e não terá coligação. E não terá candidatura! O isolamento deveria ser explorado estrategicamente. O isolamento político poderia beneficiar. Se o candidato se apresenta diferente, sem alianças políticas, que os políticos rejeitam porque combateu a corrupção implacavelmente como juiz, traz esse patrimônio incrível para a atividade política, esse isolamento deveria ser explorado positivamente. A tentativa de fugir do isolamento o leva ao União Brasil, que o prende, e ele não será candidato a presidente, o partido já anunciou isso. Portanto, o sonho foi sepultado (…) A movimentação feita nos últimos dias, com essa mudança partidária, me parece ter sido um tiro no pé”, declarou Alvaro Dias.
Ao tentar explicar a troca de Moro em busca de maior estrutura partidária, Dias também criticou o sistema eleitoral brasileiro e o fundão partidário. “Nosso processo eleitoral é sustentado numa legislação que eu considero até imoral, porque o fundão eleitoral se sobrepõe às ideias, aos projetos, aos programas, às bandeiras sustentadas pelos partidos. O fundão eleitoral transforma, na verdade, partidos políticos em siglas para registros de candidaturas. O cenário é uma espécie de feirão de oportunidades ou, como aquele programa de televisão, ‘tudo por dinheiro’, ‘quem dá mais’, isso transforma a política no Brasil numa incrível promiscuidade. Isso nos leva a pedir perdão ao povo brasileiro, nós da política devemos pedir perdão, porque até hoje não aprovamos uma reforma política que confira ao país um modelo político compatível com as exigências da sociedade (…) Isso desgasta, afasta pessoas talentosas da política, pessoas de bem que poderiam participar ativamente da atividade pública recusam participar exatamente porque não querem sentar à mesa dessas negociações ou então nesse grande balcão de negócios que se estabelece”, disse. Ainda segundo Dias, o Podemos não possui até o momento uma posição definida sobre as eleições presidenciais, se outro candidato será lançado no lugar de Moro.