O presidente do Irã, Hassan Rouhani, advertiu neste sábado, 28, que seu país responderá ao assassinato do cientista Mohsen Fakhrizadeh no momento que achar mais apropriado e acusou Israel pelo crime. “Eles (Israel) estão pensando em criar caos e agitação, mas devem saber que não atingirão seus objetivos maléficos”, declarou Rouhani um dia depois que Fakhrizadeh foi morto em uma emboscada perto de Teerã. Israel se recusou a comentar as acusações, embora tenha sido o próprio primeiro-ministro Benjamin Netanyahu quem há dois anos apontou o renomado cientista como o líder de um suposto programa nuclear secreto no Irã. O país colocou suas embaixadas em alerta neste sábado por medo de represálias. Até agora, as autoridades iranianas não relataram nenhuma prisão relacionada com o ataque ou revelaram se os responsáveis foram mortos.
“Mais uma vez, as mãos ruins da arrogância global (em referência aos EUA) com o mercenário do regime sionista usurpador (Israel) foram manchadas com o sangue de um grande filho deste território”, disse o presidente do Rouhani. Foi assim que ele aludiu aos assassinatos de cinco cientistas ligados ao programa nuclear iraniano ocorridos entre 2010 e 2012 no Irã e pelos quais as autoridades persas culparam o serviço secreto estrangeiro israelense Mossad. Segundo o presidente iraniano, essa “matança brutal” mostra que tanto os EUA quanto Israel estão nervosos com a saída antecipada de Donald Trump da Casa Branca e com a chegada do democrata Joe Biden, que estaria propenso a retomar o acordo nuclear com o país asiático.
Entenda
Fakhrizadeh foi morto nesta sexta-feira, 27, em um ataque na região de Absard, na província de Teerã. Homens armados abriram fogo sobre o veículo do cientista e executaram pelo menos uma explosão. Considerado pelos serviços de inteligência ocidentais como o líder do antigo programa secreto de desenvolvimento de armas nucleares do Irã, o cientista era atualmente o chefe da Organização de Pesquisa e Inovação em Defesa do Ministério da Defesa. Por sua vez, o líder supremo iraniano, Ali Khamenei, ordenou às autoridades do país neste sábado a punição dos autores do assassinato, tanto matérias quanto intelectuais.
“Primeiro, a investigação deste crime e a punição definitiva de seus autores e daqueles que o ordenaram; e segundo, o acompanhamento dos esforços científicos e técnicos do mártir em todas as áreas em que ele atuou”, destacou o líder. Netanyahu havia apontado o cientista como a cabeça de um programa nuclear secreto em 2018, uma semana antes de Washington abandonar o pacto entre o Irã e seis potências para limitar o programa de desenvolvimento do país persa. O pacto, assinado em 2015 e conhecido como JCPOA, tem sido muito enfraquecido desde que os EUA se retiraram e reimpuseram sanções contra o Teerã.
*Com informações da EFE