Jovens vacinados contra a Covid-19 ‘avisam’ sobre imunização em apps de relacionamento

Infectologista destaca que algumas pessoas, mesmo vacinadas, ainda podem adoecer; cuidados devem ser mantidos

Nos aplicativos de relacionamento desde 2019, Guilherme Rodrigues decidiu inovar no perfil. Como o estudante tomou a primeira dose da vacina contra a Covid-19 no dia 2 de junho, ele resolveu tornar essa informação pública no Tinder, no Happn e no Bumble. Agora, o perfil traz a foto dele com o comprovante da vacina e também escrito na descrição. A ideia de Guilherme surgiu a partir de uma brincadeira no Twitter. Ele afirma que não notou diferença na interação dentro do aplicativo — embora, durante a pandemia, ele não tenha se encontrado com ninguém. “Durante a pandemia eu fiz o isolamento. Os aplicativos eram um momento para tentar conhecer pessoas novas e, quem sabe, em um futuro, encontrar pessoalmente”, disse.

Apesar de inusitada, essa prática já roda o mundo há algum tempo, desde que a vacinação contra o coronavírus avançou para as idades mais jovens — que costumam utilizar os apps para fazer novas amizades ou com o objetivo de encontrar um novo amor. No Reino Unido, por exemplo, que já está vacinando pessoas com 25 anos ou mais, as plataformas Tinder, Match, Hinge, Bumble, Badoo, Plenty of Fish, OurTime e Muzmatch estão em um programa de parceria com o governo britânico que oferece adesivo de “vacinado” na foto do perfil e bônus no aplicativo. Entre eles, estão acesso a recursos premium — ampliação de perfil, doação de rosas virtuais e ‘superlike’. Porém, vale o alerta: não existem mecanismos de certificação para garantir que a pessoa do outro lado está falando a verdade e está realmente protegida. As modificações no perfil podem ser feitas apenas com a autodeclaração de imunizada.

A engenheira civil Mariana Cavalcante também foi vacinada no último mês e sentiu que o perfil ficou bem mais movimentado desde então. “É até engraçado, porque é um modo de puxar assunto na hora do match, a maioria comenta. Como estou vacinada há pouco tempo, ainda não tive encontros durante a pandemia. Acho que agora que estou vacinada, as pessoas vão se sentir mais seguras. Mas vou me sentir bem mais segura quando eu estiver 100% imunizada, com as duas doses”, avalia. A infectologista Renata Bortoleto, COO da Medlink Tecnologia, destaca que essa preocupação da Mariana deve se manter. “Com apenas uma dose da vacina não há garantia de proteção contra a doença. É necessário completar as duas doses. E, mesmo com as duas doses realizadas e o intervalo de duas três semanas, que é mais ou menos o tempo que começa a ter proteção de fato, a gente não está completamente isento de ter a doença.”


Fonte: Jovem Pan

Comentários