O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), pediu, em requerimento ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), acesso aos 127 pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Com isso, Ramos irá analisar o teor e a viabilidade jurídica das denúncias apresentadas até o momento contra o chefe do Executivo federal. A decisão de dar prosseguimento a um destes processos de afastamento cabe exclusivamente ao comandante da Câmara – Lira é um dos principais aliados de Bolsonaro no Congresso e já afirmou, em mais de uma ocasião, que não há razão para a destituição. “Cumprimentando-o cordialmente, solicito a Vossa Excelência a lista e o inteiro teor dos pedidos de impeachment contra o Presidente da República, Jair Bolsonaro, em tramitação e/ou avaliação nesta Casa”, diz o ofício. O pedido ocorre no momento em que Bolsonaro mira a sua artilharia no parlamentar do PL. A crise foi causada pela aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), na quinta-feira, 15. Na manhã desta segunda-feira, 19, em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, o presidente afirmou que o deputado é “insignificante” e “atropelou o regimento e não deixou votar” o destaque do partido Novo que tentava barrar o aumento do recurso destinado ao financiamento das campanhas eleitorais – a LDO foi aprovada na sessão que era presidida por Marcelo Ramos.
Como a Jovem Pan mostrou, a LDO foi “turbinada” com um Fundo Eleitoral de R$ 5,7 bilhões e contou, inclusive, com o voto favorável de deputados da base aliada do governo no Congresso, como Carla Zambelli (PSL-SP), Carlos Jordy (PSL-RJ) e Bia Kicis (PSL-DF), por exemplo. Os bolsonaristas foram criticados nas redes sociais por criticar o aumento do “Fundão”, mas aprovar a LDO. Os parlamentares alegaram que, como base do governo, tinham o dever de votar favoravelmente ao texto que regula o funcionamento da máquina pública. “Deixar o Brasil sem orçamento? Isso seria de uma irresponsabilidade incrível, como base do governo. Quem não tem ligação com o governo pode se dar ao luxo de querer estourar o país, nós da base não podemos”, disse Zambelli a um usuário. Eduardo Bolsonaro, por sua vez, transferiu para Marcelo Ramos a responsabilidade pela aprovação da matéria. “Pretendíamos votar para não ser esse fundão de R$ 6 bilhões, o que é uma excrescência. Infelizmente, o presidente Marcelo Ramos atropelou a votação e acabou a Lei de Diretrizes Orçamentárias sendo aprovada com esse fundão”, disse o filho do presidente. O vice da Câmara rebateu durante a sessão do Congresso. “Quero dizer ao deputado Eduardo Bolsonaro que ele deve ter coragem de assumir seus votos, as suas atitudes e as suas posturas, porque tenho que assumir as minhas. Não exponho os colegas, não tergiverso sobre minhas posições mesmo quando são impopulares”, afirma em um vídeo compartilhado em seu perfil nas redes sociais. “Outra coisa: o partido do deputado Eduardo Bolsonaro, o líder do governo do presidente Bolsonaro, nenhum deles protestou quando da orientação da votação simbólica do destaque do Novo. É muito fácil, depois da votação simbólica, ir para a rede social e dizer que votou contra e tentar transferir responsabilidade. Eu agi estritamente dentro das regras regimentais”, acrescentou.
Fonte: Jovem Pan