‘Médicos não tem de seguir o que a associação está orientando’, diz presidente do CFM

O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Ribeiro, defendeu a união dos entes federativos no combate à Covid-19

O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Ribeiro, criticou, nesta quinta-feira, 25, a Associação Médica Brasileira (AMB) após a entidade recomendar o “banimento” dos medicamentos que compõem o chamado “kit-covid“. Em carta divulgada na terça-feira, 23, a AMB reafirma que cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina não têm eficácia científica comprovada no tratamento ou prevenção da Covid-19 em nenhum dos estágios da doença. Ribeiro discorda do posicionamento e afirma que a entidade não tem legalidade para fazer recomendações deste tipo. “Nós somos maior entidade da medicina brasileira. É a maior entidade reguladora médica do mundo. A nossa responsabilidade é imensa”, disse em entrevista ao Jornal da Manhã. “Quando a Associação Médica Brasileira sai com aquele documento, ela tem todo o respeito da CFM, mas não restam dúvidas de que ela tenta avançar nas questões legais, porque quem tem atribuição legal no Brasil, de determinar o que pode ser usado, ou não, na população brasileira, é o CFM. Quando elas dão uma opinião sobre um assunto, é uma opinião, um posicionamento, mas os médicos não tem que seguir aquilo que eles estão orientando”, afirmou.

Em seguida, o presidente do CFM explicou que a instituição se pauta na Ciência, mas que, por ser uma doença nova, a Ciência ainda não pode garantir se medidas como lockdown são realmente eficientes e declarar se o tratamento precoce não tem eficácia sobre a Covid-19. “Onde está a grande contribuição da Ciência? No desenvolvimento das vacinas e no tratamento de pacientes críticos. O uso de anticoagulantes, o uso de corticoides, a posição crona, a intubação tardia, nós temos avanços. Quanto a fase inicial da doença, por mais que as pessoas digam que existe consenso na literatura em relação ao lockdown, ele não existe. Não existe estudos que provem que o lockdown tenha efeito melhor do que a proteção dos vulneráveis, uso de máscaras e distanciamento social”, explicou. “Em relação ao tratamento precoce, o que nós questionamos é essa história de que está estabelecido na literatura que o tratamento precoce não tem efeito contra a Covid-19 na fase inicial. Essa argumentação não é verdadeira. Existem trabalhos que mostram o benefício dessas medicações na fase inicial da doença, mas também existem outros que não mostram”, disse Ribeiro, que afirma que o CFM tem uma obrigação legal de analisar toda a literatura que sai no mundo sobre a doença.


Fonte: Jovem Pan

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