Em seu depoimento à CPI da Covid-19, o motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva confirmou que esteve em agências bancárias no dia e no horário em que, segundo documentos em posse dos senadores, a VTCLog, empresa para a qual trabalha, pagou boletos em nome do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias. No entanto, ele disse não se lembrar de ter pago quantias ao ex-servidor, que foi exonerado após ter sido acusado de pedir propina para a compra de vacinas contra o novo coronavírus. Aos parlamentares, o depoente também disse que esteve no prédio da pasta para entregar um pen drive no 4º andar, onde se localizava o Departamento de Logística (DLog), órgão comandado por Dias. A VTCLog tem contrato com o ministério e é responsável pela logística de entrega de insumos e vacinas.
Antes do início da sessão, senadores do G7, grupo formado pelos parlamentares independentes e de oposição, avaliavam que a oitiva de Ivanildo Gonçalves definiria os rumos da CPI da Covid-19. O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), tem dito que pretende entregar seu relatório no início da segunda quinzena de setembro, mas, agora, os membros do colegiado afirmam que precisam ouvir a direção da VTCLog e outros funcionários da empresa, a fim de esclarecer informações não esclarecidas pelo motoboy.
Segundo um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), nos dois últimos anos a VTCLog movimentou, de maneira suspeita, R$ 177 milhões. Ivanildo, por sua vez, foi responsável por sacar cerca de 5% deste valor – aproximadamente R$ 4,7 milhões. Na véspera do Natal de 2018, por exemplo, ele sacou, de uma só vez, R$ 430 mil reais. Ao longo de 2021, foram mais de R$ 2 milhões. O motoboy recebia cheques de Zenaide Sá Reis, funcionária do departamento financeiro da empresa. Ivanildo sacava os valores, pagava os boletos e devolvia o que eventualmente sobrava a ela. “Ela me dava o cheque para eu sacar. Eu subia, pegava o serviço. Era tudo na boca do caixa. Eu entregava na mão dela o serviço e saía”, disse. “A Zenaide, quando ela me passava, já tava tudo certo: ‘tá aqui, para você fazer o serviço de banco’. Então, eu pegava diretamente com a Zenaide e ia para o banco”, acrescentou. Zenaide determinava que ele realizasse as operações obrigatoriamente na agência da Caixa Econômica Federal no Aeroporto Internacional de Brasília. Os senadores suspeitam que os recursos seriam usados para pagar propina para agentes públicos.
Fonte: Jovem Pan