“Não há mais mentiras, meu povo pede liberdade, não há mais doutrinas”. Os versos da música Pátria e Vida questionam o governo de Cuba e denunciam a situação política e econômica da ilha. A música, composta por um grupo de artistas cubanos radicados em Miami, atingiu um milhão de visualizações em apenas três dias. Em um dos versos, os músicos pedem a mudança de um slogan que Fidel Castro popularizou na década de 1960: “Pátria ou Morte”. O governo cubano reagiu rapidamente. Autoridades descreveram a canção como um “lixo”, chamando os autores de mercenários. Atendendo a uma convocação do regime comunista, a mídia estatal dedicou parte da programação a tocar o hino nacional. Com um discurso inflamado, o âncora da TV estatal Manuel Alonso chamou os artistas de agitadores e disse que divulgar a música enquanto o país enfrenta uma pandemia era um ato repreensível. Enfurecido, o ditador Miguel Díaz-Canel fez uma série de postagens contra a música e reafirmando a doutrina de Fidel.
O professor de relações internacionais Manuel Furriela explica que o governo cubano anunciou neste ano uma série de medidas que geraram grande insatisfação na população. “Uma dessas medidas é o fim de dois tipos de câmbio que haviam em relação ao dólar em Cuba. Um para o cidadão cubano, outro para questões internacionais. Houve também um anúncio de uma série de medidas onde os subsídios vão ser reduzidos. Então o preço dos alimentos, por conta do câmbio e do fim dos subsídios, vai aumentar. A população cubana está mais desconfortável e inconformada pelas decisões do governo.” O governo atribui os problemas econômicos em grande parte às sanções dos EUA. Moradora de Havana, Loraine Martinez diz que segue os ideais de Fidel, mas têm visto coisas com as quais não concorda. A música viralizou especialmente entre os jovens, muitos frustrados com a situação da ilha comunista.
*Com informações da repórter Livia Fernanda