Musical ‘Silvio Santos Vem Aí’ aposta em nostalgia para resgatar imagem do camelô que virou empresário

Velson D’Souza vive o dono do SBT no musical 'Silvio Santos Vem Aí'

Silvio Santos marcou gerações, e sua relevância na história da televisão brasileira é evidente. No entanto, a imagem do popular apresentador que joga dinheiro para a plateia foi comprometida nos últimos anos por falas consideradas preconceituosas, que foram disparadas em seu programa dominical e repercutiram nas redes sociais, gerando acusações que vão de racismo a homofobia. Mesmo sem ter sido criado com essa pretensão, o musical “Silvio Santos Vem Aí”, que está em cartaz no 033Rooftop, em São Paulo, consegue abafar as polêmicas do comunicador, de 90 anos, e resgatar a história do menino camelô que se tornou dono do SBT, uma das maiores emissoras do Brasil. A trama não segue uma ordem cronológica, o que torna o enredo do espetáculo interessante (até porque são décadas de história e, dessa forma, foi possível transitar pelos momentos chave da vida do empresário sem a preocupação de pular algum fato).

Para justificar a falta de linearidade, a estratégia foi fazer o próprio Silvio revisitar seu passado. Em 1988, o apresentador descobriu que ficaria fora do ar para realizar uma cirurgia nas cordas vocais, e é justamente esse o ponto de partida do musical. Enquanto está no centro cirúrgico, o “Homem do Baú” embarca nessa viagem ao passado e sua história passa a ser contada por meio de programas do SBT que marcaram gerações. Silvio fala dos seus sonhos, por exemplo, participando do “Porta da Esperança”, que, no espetáculo, é apresentado por Hebe Camargo (Daniela Cury). O “Topa Tudo por Dinheiro” é comandado por Gugu Liberato (Vinícius Loyola), e o dono do Baú expõe os limites da sua ambição. Já o encontro com Maria Aparecida Vieira Abravanel, primeira esposa do empresário que morreu aos 39 anos, vítima de câncer, acontece no “Namoro na TV”. Em meio a essa viagem no tempo, um dos momentos mais divertidos fica por conta do “Qual é a Música?”, que homenageia cantores como Sidney Magal, Gretchen, Rosana e Mara Maravilha.

O espetáculo evidencia que, desde a infância, quando era conhecido como Senor Abravanel, o apresentador tinha o dom de fazer dinheiro. Entretanto, o que mais empolga o público não é a história de superação, mas a nostalgia que o musical causa. A sensação é que você está, de fato, com sua caravana no auditório dos programas – até pompons são distribuídos para a plateia. Interativo, o show demanda energia da público. Aplausos, vaias e pompons balançando são solicitados a todo momento. A participação de quem está assistindo define o calor da apresentação.


Fonte: Jovem Pan

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