O isolamento da Rússia, que já era ruim, aumentou ainda mais na ONU após uma votação a favor de uma investigação internacional sobre a Ucrânia. “Hoje, o CDH adotou uma resolução histórica. A mensagem para Putin foi clara: ele está isolado internacionalmente e o mundo inteiro está contra ele”, disse a embaixadora ucraniana Yevheniia Filipenko. A resolução condena “as violações e ataques aos direitos humanos como consequência da agressão da Federação Russa”. Na votação, países conhecidos por serem aliados de Moscou, como Venezuela e Cuba, se abstiveram da votação. Eritreia foi o único país a votar contra a resolução que Kiev apresentou ao Conselho de Direitos Humanos (CDH).
“Hoje, os membros do Conselho votaram esmagadoramente para criar uma comissão de investigação com um mandato forte. Os membros da comunidade internacional estão com a Ucrânia, e é claro que a Rússia está sozinha”, acrescentou a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Sheba Crocker. A resolução aprovada, pede a retirada rápida e verificável das tropas russas, e dos grupos armados aliados da Rússia, de todo o território internacionalmente reconhecido da Ucrânia. Além disso, ressaltam a necessidade da “criação de uma comissão internacional e independente”, o mais alto nível de investigação do Conselho. A comissão deve recolher, reunir e analisar as provas para atestar violações dos direitos humanos e do direito internacional humanitário durante a invasão da Ucrânia, com vistas a processos futuros, e identificar os responsáveis por essas violações para que eles respondam por suas ações.
A decisão vem apenas dois dias após outra votação histórica, quando a grande maioria dos países votaram a favor da retirada das tropas russas e solicitaram que os russos acabem com a guerra. A China, que normalmente se opõe a qualquer investigação da ONU, se absteve, embora Pequim tenha votado contra a realização do debate urgente sobre a invasão russa. A votação é uma resposta ao ataque russo a maior usina nuclear da Europa, Zaporizhzhia, na madrugada de sexta-feira. O ato foi considerado uma catástrofe mundial. “O bombardeio contra a maior usina nuclear da Europa pode levar a uma catástrofe global”, advertiu Filipenko ao Conselho. É a primeira vez na história do Conselho que uma resolução diz respeito diretamente à Rússia, explicou um porta-voz da ONU. A invasão da Rússia à Ucrânia já chega em seu nono dia. O embaixador francês na ONU, Jérôme Bonnafont, em nome da União Europeia (UE), afirmou que “há apenas um agressor nesta guerra e é a Rússia” e ressaltou dizendo que ela precisa ser responsabilizada por essas ações”.