A negociação de paz entre Rússia e Ucrânia, realizada na cidade de Antália, na Turquia, terminou sem um acordo entre os países nesta quinta-feira, 10. Os ministros das Relações Exteriores russo e ucraniano, Sergei Lavrov e Dmytro Kuleba respectivamente, formaram o contato de mais alto nível entre as duas nações desde que a guerra começou em 24 de fevereiro, mas deixaram claro, em coletivas de imprensa que não conseguiram fazer nenhum progresso para a finalização do conflito bélico no leste europeu. O encontro entre eles durou uma hora e 40 minutos e ocorreu na presença do ministro turco das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu.
O ucraniano Dmytro Kuleba informou que não recebeu nenhuma promessa do russo Sergei Lavrov de que os disparos seriam interrompidos para que a ajuda a civis pudesse chegar até eles. No momento, uma das principais prioridades de Kiev é evacuar centenas de milhares de pessoas presas no porto sitiado de Mariupol. Ele lamentou que não tenha havido avanços para um cessar-fogo: “Mencionamos um cessar-fogo, mas não houve avanços nesse sentido”. O ministro ucraniano ainda disse que as negociações deverão continuar no formato atual e que a Ucrânia “não vai se render”. “Estamos abertos à diplomacia, mas se não funcionar, protegeremos nosso país e nosso povo”, afirmou Kuleba.
Enquanto isso, Lavrov não deu sinais de que a Rússia estaria disposta a fazer concessões, repetindo as exigências do país de que a Ucrânia fosse desarmada e aceitasse o status de neutralidade diante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), inclusive alterando sua constituição. O chanceler russo ainda culpou o Ocidente por intensificar o conflito armando a Ucrânia. Além disso, Moscou exige que Kiev pare de lutar e resistir para poder suspender os ataques e que reconheça o domínio da Rússia na Crimeia e a independência de duas regiões mantidas por separatistas e apoiadas pela Rússia: Donetsk e Luhansk. Nesta quinta, a guerra na Ucrânia entra na terceira semana sem que a Rússia atinja nenhum de seus objetivos declarados, mas com uma consequência de milhares de mortes, mais de dois milhões de refugiados e milhares reféns, que não conseguem receber ajuda humanitária, em cidades sitiadas sob bombardeio implacável das tropas de Vladimir Putin.