Neste domingo, 11, a ilha de Cuba foi palco de manifestações contra Miguel Díaz-Canel, presidente do país, após a escalada de casos de Covid-19. Os protestos, que já são os maiores em 60 anos, denunciaram a má gestão da pandemia, a escassez de produtos básicos e a falta de liberdade de expressão. Em entrevista ao Pânico, Zoe Martinez, cubana de 22 anos que hoje vive no Brasil, contou sobre a crise sanitária no país e a censura contra os atos convocados pela oposição. “Os cubanos comuns estão cansados de serem tratados como animais e foram pras ruas se manifestar. É um assassinato em massa o que está acontecendo. Estão perdendo famílias e o sistema de saúde colapsou, isso incitou as pessoas a irem pra rua. O governo incentivou os revolucionários a irem pra rua também, mas essas pessoas trabalham para a ditadura e estão armadas, então é desigual essa luta. O governo está incentivando isso pro povo se matar entre si e não levarem a culpa. São pessoas comuns que antes adoravam o Fidel pedindo mais qualidade de vida.”
Zoe também falou sobre a preocupação com avós e tios que ainda moram no país, pois enfrentou dificuldades para manter contato com a família após os protestos deste domingo. “Tenho avós, tios e primos lá. Eles ficaram incomunicáveis. Paguei caríssimo na ligação para falar com minha avó, mas fui a única que consegui contato. No país tem internet, mas é muito caro, só que ontem nem quem tem dinheiro conseguia porque a ditadura não queria que postassem os vídeos dos protestos.” A cubana revelou que, desde a infância, a família tinha opiniões contrárias ao regime político da ilha devido a quantidade de parentes morando em outros países. “Eu estudei lá até os doze, era doutrinação, te ensinam a repetir ‘viva a revolução’. Eu não aprendia sobre o mundo. Obrigavam a gente a repetir todos os dias ‘seja como o Che’. Eu sempre fui revoltada, sempre achei um absurdo, pois minha família sempre foi esclarecida, mas a escola é isso.”
Fonte: Jovem Pan