O que os senadores esperam do depoimento de Nise Yamaguchi à CPI da Covid-19

Nise Yamaguchi é apontada como integrante do gabinete paralelo, que atuava à margem do Ministério do Saúde no enfrentamento à pandemia

Na abertura do segundo mês de trabalhos da CPI da Covid-19, os senadores ouvem, nesta terça-feira, 1º, a médica Nise Yamaguchi. A sessão está marcada para às 09h. O depoimento é considerado fundamental pelo G7, grupo majoritário formado pelos parlamentares independentes e de oposição, uma vez que a imunologista é apontada como integrante do chamado gabinete paralelo que assessorava o presidente Jair Bolsonaro à margem do Ministério da Saúde. Para os governistas, porém, a médica poderá defender o uso da cloroquina, medicamento ineficaz para o tratamento do coronavírus.

Segundo apurou a Jovem Pan, Nise Yamaguchi será questionada pelos senadores sobre a tentativa de mudança da bula da cloroquina. Em seu depoimento à CPI, o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, afirmou que partiu da médica a ideia para alterar o bulário do fármaco, a fim de recomendá-lo para o tratamento da Covid-19. Antes, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta disse que, em uma reunião no Palácio do Planalto, teve contato com uma minuta de decreto presidencial que autorizava a mudança. Para o G7, porém, o chamado “tratamento precoce” é “um assunto pacificado”.

Os senadores do grupo majoritário querem utilizar a sessão desta terça-feira para avançar sobre outros integrantes do gabinete paralelo, chamado pelo relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), como “Ministério da Doença”. Segundo o calendário de reuniões divulgado pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente do colegiado, serão ouvidos, ainda em junho, Arthur Weintraub, ex-assessor da Presidência da República e irmão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, Carlos Wizard Martins, o empresário que atuou como consultor do Ministério da Saúde na gestão de Eduardo Pazuello, e Filipe Martins, assessor da Presidência da República para assuntos internacionais. Os três são apontados como integrantes do grupo de assessoramento paralelo. “Não, não vamos fazer perguntas sobre cloroquina. É página virada. O foco é gabinete paralelo, é o assessoramento paralelo”, disse o senador Otto Alencar à Jovem Pan.


Fonte: Jovem Pan

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