Se depender do Congresso Nacional, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, está com os dias contados no governo do presidente Jair Bolsonaro. O diagnóstico das principais lideranças do Legislativo é claro: o chefe do Itamaraty inviabilizou a interlocução com diversos países e é, hoje, um obstáculo no esforço pela busca do Brasil por insumos e vacinas contra a Covid-19. “Ou sai a ala ideológica ou a guerra está declarada”, disse o deputado Fausto Pinato (PP-SP), aliado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), em entrevista à Jovem Pan.
“A ala ideológica interferiu e vem interferindo na política externa do Brasil e no combate à Covid-19. O Supremo Tribunal Federal, o Senado e a Câmara declararam guerra à ala ideológica. Bolsonaro vai ter pela frente uma escolha difícil: ou a ala ideológica ou quem dá sustentação ao seu governo. A desculpa do presidente da República era que ele não tinha sustentação. Hoje tudo o que ele manda para o Congresso é aprovado, mas não vamos aceitar caminhar com essas loucuras ideológicas. Parece que o recado em relação à prisão daquele deputado [Daniel Silveira] não foi suficiente”, afirmou Pinato.
Na noite desta quarta-feira, 24, Lira subiu o tom contra o governo Bolsonaro e falou em “remédios fatais” contra erros no enfrentamento à pandemia. “Os remédios políticos no parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns fatais, muitas vezes são aplicados quando a espiral de erros se torna uma escala geometricamente incontrolável”, disse, citando que não é, no entanto, a intenção da presidência da Câmara. “Preferimos que as atuais anomalias se curem por si mesmas”. Na tarde desta quinta, em coletiva de imprensa, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, criticou abertamente a gestão de Ernesto Araújo no comando do Itamaraty. “Muito além da personificação, o que se tem que mudar é a política externa. As relações internacionais precisam ser mais presentes, em um ambiente de maior diplomacia. É algo que está evidenciado a todos, não só no Congresso, mas a todos os brasileiros que enxergam a necessidade de o Brasil ter uma representatividade externa melhor do que tem hoje”, disse.
Fonte: Jovem Pan